Seguidores

Total de visualizações de página

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

As Travessuras de Tonhola - O Entregador de Panfletos

No bairro de Dona Rica tinha uma venda dessas antigas tipo um empório que vende de um tudo, bar, mercearia, papelaria, roupas e tudo mais, o dono se chama Ambrósio e com o negócio melhorando ele pensou em aumentar o leque de mercadorias e passou também a vender calçados de diversos modelos, inclusive uma sandália de borracha que estava fazendo muito sucesso na televisão, por isso resolveu fazer alguns panfletos, aconselhado que foi pelo pessoal fornecedor, dito e feito, ele não era chegado àquele tipo de propaganda, mas, daquela vez, achou que valia a pena, encomendou tantos danados, e quando recebeu da gráfica aqueles lindos panfletos coloridos com o nome da revenda, ficou entusiasmado, alguns fregueses assíduos na loja presenciaram a alegria do Seu Ambrósio, que precisava encontrar alguém que distribuísse pelo bairro os tais panfletos, sugeriram o neto de Dona Rica, que ficava o dia inteiro aprontando mesmo, lá do canto, outro freguês assíduo, Jeová, o bêbado, bradou, isso não vai dar certo, hic, esse hic é o soluço do bêbado, Seu Ambrósio deu com a mão para o lado do bêbado, como quem diz, você não sabe de nada, fica quieto no seu canto e mandou chamar o menino, que veio prontamente, louco por uns trocados, claro, com o consentimento de sua avó, entendeu tudo direitinho, ajeitou os panfletos numa espécie de embornal de couro que Seu Ambrósio arrumou e saiu pela rua alegre distribuindo os panfletos já no final da manhã, após o almoço, mal fez o quilo e saiu apressado para cumprir a missão, passados pouco mais de uma hora, sob aquele sol de rachar mamona, o menino se cansou, era muito panfleto pensou, precisava dar um jeito de aliviar aquilo mais rápido, chegou numa esquina e sem pensar pegou pouco mais da metade dos panfletos na sacola e atirou no bueiro que era do tipo boca de lobo, antes deu uma olhada para os lados pra ver se ninguém presenciara, tudo limpo pensou, só que não estava limpo era nada, justamente naquele momento Seu Ambrósio estava no ônibus que passava do outro lado da rua, era hora de ir ao centro para as tarefas bancárias do dia, que azar deu o menino, sem perceber ele seguiu distribuindo os panfletos que faltavam, também passou a deixar mais de um nas caixas do correio das casas e também nos para-brisas dos carros estacionados de modo que em poucos minutos os panfletos acabaram, daí caiu a ficha, não podia voltar logo para o Seu Ambrósio não desconfiar, ele sabia que por ali tinha um campinho de terra batida e os meninos ficavam batendo bola, foi, se aconchegou sob a sombra de uma sete copas e esperou o tempo passar, dada a hora, foi comunicar a conclusão da tarefa, mal se aproximou da venda e Seu Ambrósio já o esperava do lado de fora e aos berros o recebeu, Tonhola seu moleque safado, dê cá essa sacola e casca fora daqui antes que eu perca a paciência mais ainda e lhe dê umas boas lambadas, e meu pagamento perguntou o assustado menino, que pagamento que nada, onde já se viu atirar os panfletos no bueiro, eu vi seu moleque, vaza daqui, vaza, que não tem pagamento nenhum e não me amole mais, lá no mesmo canto da venda o bêbado Jeová, bradou, hic, eu disse que não ia dar certo, e você fique quieto ai no seu canto, finalizou o episódio o chateado Seu Ambrósio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário