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sábado, 14 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - Com pé de cachorro não entra

Com pé de cachorro não entra, dizia o padre diretor da escola bem cedinho no portão de entrada.
Era muito rigor e ai daquele, ou melhor daquela, que não obedecesse.
O padre era um americano, seu nome denunciava isso, diziam que ele estudara eletrônica, fumava feito um caipora, era um cigarro no toco do outro. Todos os dias ele de batina preta, surrada e geralmente com os bolsos sujos de pó de giz, se postava de braços cruzados na escadaria da escola esperando a chegada dos alunos.
O colégio em seu início era internato somente para meninos, com o passar dos anos deixou de ser internato e passou a aceitar também meninas. O rigor de antes, muito moderadamente foi se adaptando aos novos tempos.
Só que, de pé de cachorro, nem pensar, não entrava mesmo, aquilo era uma verdadeira ofensa aos bons costumes

quinta-feira, 12 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - O cheiro do café torrado

Alguns cheiros percebidos na infância nos marcam por toda a vida.
O cheiro do café torrado que vinha da casa ao lado da mercearia do seu Izac era único. E olha que a distância era grande, tipo assim uns quatro lotes, até chegar à varanda da casa de Dona Rica na parte alta do terreno, levado pelos ventos de agosto.
A mercearia do seu Izac é aquela do balcão com o vidro quebrado que vimos num episódio anterior, o das balas delícia.
Nessa casa naquele tempo morava uma família que tinha quatro crianças, o pai, que era motorista e a mãe do lar que era a artista da torrefação. Tonhola foi amigo das quatro crianças, três meninos e uma menina, até que cresceram e foram separados pela vida.
Tonhola nunca foi de tomar muito café, mas sempre adorou o cheiro.
Só que, cheiro de café torrado igual àquele, nunca mais.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - Pedras na cruz

Dona Rica, muito católica, ia à missa rotineiramente. Nem sempre ela levava o neto Tonhola. Quando ela sentia que precisava se concentrar melhor e se dedicar mais ao ato religioso ela preferia ir sozinha para não ser atrapalhada. O neto era muito inquieto, não se concentrava na missa, quando ia ficava sentado ao lado dela porque a avó o exigia, mas com a mente vagando sabe-se lá onde.
Na escadaria frontal da igreja uma imponente cruz de madeira se destacava. Essa cruz era tomada por lâmpadas incandescentes, uma ao lado da outra.
O padre da igreja vivia trocando as lâmpadas, não porque queimavam com o uso, o motivo principal era o vandalismo praticado pelos meninos.
Ficaram marcados os meninos que atiraram pedras na cruz.
Tonhola jura até hoje que não foi um deles.