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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

As Travessuras de Tonhola - Pão com sardinha

O melhor da pescaria era a hora do lanche.
Pão com sardinha e guaraná ao natural em garrafinhas de vidro. Algumas das garrafinhas vinham com uma saliência no gargalo, tipo um anel. Sabe-se lá pra quê!
Tonhola desde tenra idade dava mostras de que nunca seria um bom pescador.
Adorava peixe. Frito, ao molho, assado, de qualquer jeito.
Nas pescarias, sobrava pra ele conduzir a tralha, separar os anzóis, as iscas, todos os apetrechos e ainda guardar os pescados. Tinha que fechar bem o viveiro de nylon para que os danados mais espertos não escapassem. O viveiro ficava amarrado numa cordinha com a boca muito bem amarrada e fechada com os peixes dentro, de preferência semi submerso para conservar os peixes ainda frescos e vivos. A outra ponta da cordinha era presa geralmente num galho firme. Não foram só uma ou duas vezes que Tonhola não fechou direito a boca do viveiro e deixou escapar alguns peixes, para ira de seu tio que ficava possesso de raiva. Assim, toda atenção era pouca. O tio de Tonhola era um exímio pescador. Quando alguns amigos compartilhavam da pescaria, no poço que reclamavam que não dava nada, o tio esperava que eles se mudassem de lugar, ia de mansinho, ocupava o canto amaldiçoado pelos amigos pescadores e em quase que total silêncio e concentração, enchia o viveiro enquanto os outros reclamavam. Pescaria é uma arte. Arte que Tonhola nunca aprendeu.
Agora saborear pão com sardinha, com a barriga na miséria, no final da tarde, isso sim ele sabia e fazia com muito gosto.