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sábado, 11 de maio de 2019

As Travessuras de Tonhola - O Lamparina

O Lamparina foi atendente do Bar Quitandinha por muitos anos.
Era um moreno forte e troncudo, sua altura ficava entre o anão e um baixinho com menos de um metro e meio de altura.
Gordinho e forte tal um carote.
Que figura!
Tonhola ficou chapa do Lamparina por vários motivos, um deles foi relatado noutro episódio da colher de café, quando o amigo limpou sua barra com o tio.
Bons tempos que ficaram na lembrança de nosso amigo, que apesar da amizade, nunca soube o seu verdadeiro nome.
Muitos anos depois ele soube que o Lamparina havia se mudado para a capital.
O Lamparina será sempre lembrado.

As Travessuras de Tonhola - Aquele bolo de chocolate

A primeira vez que Tonhola viu aquele bolo de chocolate em sua forma redonda de alumínio na vitrine do bar, ficou muito tentado.
Daquela vez ele não tinha dinheiro, observou os clientes pedindo os pedaços e lambeu ao beiços ao ver aqueles deliciosos nacos triangulares delicadamente envoltos nos guardanapos brancos de papel saindo pelas mãos dos felizardos clientes.
O bar servia um daqueles todos os dias pela manhã.
Dos inesquecíveis sabores da infância, aquele bolo de chocolate foi um dos que marcou nosso amigo Tonhola.

As Travessuras de Tonhola - Apenas um Martini

Foi o primeiro pileque de Tonhola.
Na casa do tio, no entusiasmo, um gole daqui, que docinho! e outro dali. E foi outro e outro e mais outro gole daquele bonito Martini Rosé.
Caramba! O estômago do menino deu uma reviravolta.
E dá-lhe vômito!
Para susto de sua tia que não sabia se ria ou se cuidava do menino.

As Travessuras de Tonhola - Etager Preto

Quando viu pela primeira vez, Tonhola ficou impressionado com a imponência daquele móvel todo preto e brilhante.
Muitas gavetas na parte de baixo.
Um aparador no meio com um espelho no fundo.
Nas laterais e em cima uns repartimentos com portinholas de vidro. Tudo muito limpo e brilhante.
As gavetas eram almofadadas, com puxadores metálicos em latão muito bem entalhados.
As bordas de todo o móvel eram emolduradas, com detalhes perfeitos e imponentes.
Muito lindo.
Pra onde terá ido aquele etager preto?

As Travessuras de Tonhola - Noves fora

Tonhola tinha muitas dificuldades quando aprendeu a prova dos noves fora.

Ele ficava intrigado quando ouvia os mais antigos fazerem suas contas e falar muito rapidamente noves fora tanto e esse mais esse e mais esse noves fora tanto, total tanto. Na parte de baixo da adição, a mesma coisa, se o total dos números somados fosse maior que nove, noves fora tanto. A prova dos nove era confirmar se o resultado dos números de cima era o mesmo da doma do total de baixo sempre levando em conta o noves fora.
Caraca! Tão simples!

As Travessuras de Tonhola - Fucinhada

Naquela época os quintais das casas eram grandes e cada qual tinha sua história.
Não faltavam galinhas e porcos em quase todos, era permitido.
Certa vez nosso amigo Tonhola foi com um colega acompanhá-lo no trato das crias.
O cercado improvisado do chiqueiro ficava no fundo do lote e era um amontoado de tabocas de bambu e restos de tábuas de construção amarrados na vertical num emaranhado de arames farpados enferrujados de tal maneira que os porcos ficavam ali presos. Tinha uma porca parida de novo com uma grande ninhada. O menino entrou na frente conversando com o nosso amigo que vinha logo atrás, curioso e dos mais inocentes, sentindo aquele cheiro de porco e sujando os pés naquele piso de porco, tão distraído que não percebeu a fúria da fêmea do cachaço que correu em sua direção. O menino do trato ela já conhecia e estava acostumada, mas o estranho! A porca foi com tudo pra cima e tentou dar-lhe uma bocada na altura da testa, o focinho avantajado e a força descomunal chegou na frente da bocada, nosso amigo foi lançado ao chão de porco. Por muita sorte, pois dizem que tem um Deus separado para as crianças, certamente o de Tonhola estava atento naquele dia e guiou o pai do menino que acompanhava atento da varanda; de lá mesmo ele gritou com a porca que assustada se afastou e deu tempo dele em disparada socorrer o menino todo assustado e lambuzado no chão, sem nenhum arranhão.

Hotel Triângulo

Foi no Hotel Triângulo que saboreei meu primeiro quibe assado com recheio de carne moída e queijo. Hum!!! Até lembro o gosto.
O Hotel ficava no centro, bem pertinho da igreja matriz.
Os viajantes hospedados nos finais de semana eram em sua maioria muito cordiais conosco crianças. Ganhávamos balas, bombons e outros mimos sempre vigiados por nossa zeloza tia.
Mesmo quando presa no quarto aplicando o laquê e dando uns retoques em seu corte de cabelo pigmaleão, ela nos seguia pelos nossos passos acelerados nos corredores e também pela voz. Vez ou outra gritava: não corram nos corredores; não incomodem os hóspedes; fulano! não deixe os meninos fazerem essa algazarra. O tal do fulano, era o sobrinho mais velho, coitada, ele era dos mais atentados e o único que morava no hotel.

O estranho Tonhola

Ele pegou o copo cheio, pouco mais que o meio, daquela água que passarinho não bebe, deixou derramar um pouquinho no chão
resmungando qualquer coisa aos santos para que não lhe faltasse a bebida, e,como num ritual, ergueu o copo e numa só talagada, verteu tudo, fez careta, estalou os dedos da mão direita exclamando que aquela era da boa. Não deu outra, sentou-se com os novos amigos porque sentiu em seu intimo que a prosa ali seria longa.