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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ser Feliz

Meus cabelos brancos
denunciam o peso da idade que avança.
Quero me divertir mais nos próximos anos.
Prometo que dedicarei mais tempo
ao meu tempo de gozar o tempo livre,
sem me descuidar de algum exercício físico,
e daquela boa caminhada de mãos dadas.
Os anos dedicados ao trabalho,
hoje não me permitem descuidos com a saúde.
Preciso evitar focos de tensão, sem medos,
daí a escolha dos novos trabalhos.
Sei da dor do vazio no estômago.
Doravante, alimentação saudável, sempre,
não posso mais abusar das feijoadas.
Quero ler mais.
Quero escrever mais.
Quero ouvir mais meus antigos discos.
Quero assistir mais filmes,
ir mais ao cinema.
Quero ainda com mais afinco
me entregar a quem amo,
sendo melhor,
buscando o melhor a cada dia.
Mais perfumes e flores,
mais chocolates e mimos,
mais sorvetes e cachoeiras,
mais pulseiras e brincos...
Quero lá estar quando de mim precisarem.
Fabricarei momentos felizes.
Quero meu filho menos preso à internet.
Quero fazer novos amigos
e dedicar mais tempo
aos amigos que já tenho.
Quero poder viajar mais,
livre, sem compromissos,
conhecer novos lugares
e também visitar alguns
dos belos lugares que já vi.
Quero trabalhar muito,
dar o melhor de mim,
mas também quero
não ter que me lembrar a cada dia
o quão dura a vida é.
Parece tão simples...
Ser feliz!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Ao trabalho.

Como sempre, cheguei cedo para o trabalho.
Animado, afinal é final de ano.
O comércio agradece nessa época.
Aumentam as expectativas.
Mesmo que sejam tenebrosas as previsões.
Façamos a nossa parte.
Ao trabalho.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Vida que passa

O bonde passa quase lotado.
Repete esse trajeto
várias vezes ao dia
e não se cansa.
Assim é a vida.
O bonde passa.
E passa e volta e passa.
Às vezes ele segue vazio.

Auréola

Independente de religião
todos temos
uma coroa sobre nossas cabeças.
Aproveite a sua.
Pratique o bem.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Inventor de Motivos

Quem dera a vida fosse fácil.
Sorte?
Ela aumenta a cada dia de trabalho duro.
Esperança?
Renova-se a cada manhã.
Bom mesmo é inventar motivos
que nos façam sair da cama aos pulos.
Fiz isso a vida toda.
Pior são as expectativas.
Não devemos desanimar,
nem torcer o nariz
para as respostas que obtemos
que vão de encontro ao que desejamos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Dona Siridônia

Dona Siridônia era daquelas idosas
que não perdia um velório.
Viúva, aposentada,
abandonada há anos pelos
filhos e netos, todos longe,
perdidos na distância.
Cada velório era um consolo.
Em todos ia direto ao defunto,
admirava os adereços,
a palidez da pele retocada,
comentava falando baixinho:
"a gravata ficou torta,
tem algodão no nariz e no ouvido,
que terno bonito, deve valer uma fortuna,
que desperdício num defunto,
sapatos também, novinhos e brilhando,
essa urna é de primeira, encomendada".
Rezava, rezava muito.
Consolava os familiares,
como se da família fosse.
"Mas que enterro bonito!"
Fora os velórios,
Dona Siridônia perambulava pelas ruas
como se lugar para ir tivesse.
Num daqueles dias com o sol de rachar
Dona Siridônia passou mal e caiu na rua,
chamaram a ambulância
e levaram-na direto ao pronto-socorro.
Em vão.
Dona Siridônia partiu dessa para melhor.
Sem parentes próximos,
a prefeitura tomou as providências.
Não teve velório.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Ralo dobrado

Daquela vez você disse sim
que daria seu apoio.
Achei bom, é claro.
Confirmei o pedido.
Você sabe muito bem
o tanto me será útil.
Agora você volta e diz não.
Com que cara eu fico?
Você sabe muito bem
que sozinha não consigo.
Quer saber?
Embale seu dinheiro de plástico
e siga seu rumo.
Nem pense em olhar para trás,
vou superar mais essa.
Ralo dobrado,
mas o pedido não desfaço.

Escuridão

Escuridão.
Uma paixão desenfreada, de súbito.
Outra o persegue.
Tenta se livrar como pode.
Esconde.
Foge.
Pede ajuda.
Foi bom, mas não quer mais ser visto com ela.
Foi seguido.
Cedeu novamente.
Exitou mas aceitou a carona.
Recusou pilulas que ela tomou todas.
Dirigia em velocidade.
Bateu.
Rosto desfigurado.
Trauma.
Transtorno.
Tentou eliminar a causa.
Sufocou a paixão.
Manicômio.
Imaginação.
Misturou a causa com a paixão.
Foi congelado.
Ressuscitado anos depois.
Fora tudo um sonho.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Jardins ingleses

Nada de cinema hoje, percorri toda a lista que vai passar e só tem filmes antigos ou repetidos ou de ação ou de ficção. Não dá. Rodei os canais e achei um interessante documentário sobre o mundo visto de cima. Alguns castelos ingleses com mais de quinhentos anos com exuberantes jardins que são zelados a séculos. Já pensou o custo disso? Coisa para os lordes.

Quadro de aprendiz

O rapaz até que demonstrava ter algum talento para o ofício. Passou dias trancado no quarto pintando o que de ideia lhe parecia dar uma ótima tela. Uma linda moça nua deitada de forma estupendamente sensual sob uns lençóis transparentes, janela semiaberta com cortina balançando ao vento, parte de uma penteadeira antiga com frascos e pentes bem detalhados, travesseiros dispersos sobre a cama, cabelos em desalinho, seios nus quase à mostra, uma das belas pernas se destacando na moldura tomando boa parte da tela, do tipo de tirar o fôlego do espectador, pode ter sido essa a intenção. Pena que a pintura não agradou.

Gamer

Menino, venha cá, o que você vai ser quando crescer, me diga, quero ser gamer profissional, disse o menino com cara de quem se prepara para levar um puxão de orelhas, e isso lá tem cara? pois é, no caso dele tinha e foi a cara que ele fez, e isso é lá profissão? que merda é essa? volte aqui, não foge não, só quero entender que merda é essa que você quer ser quando crescer, tem a ver com esse tempo todo que você passa grudado no computador, trancado em seu quarto, nem se lembra de comer, tomar banho então, é capaz de dar até bicho no pingolim, pra quê perder tempo com isso né, o gamer exige atenção em tempo integral, toma tenência seu moleque, vai estudar, sua mãe disse que seu boletim tá um carnaval com mais vermelho que azul, se seu pai estivesse aqui certamente lhe daria uma sova que é o que você merece, onde já se viu? gamer!

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Marcas de Cigarros

É claro que tinha que sobrar pra mim. O cara pediu para eu ir buscar cigarros num boteco próximo.
Minister, Carlton, Sharm, Hollyood, Continental, Lancaster, Plaza, Pall Mall, Free, Malboro, Camel, Galaxy, Capri, Vila Rica, Shelton, Astoria, Belmont, LS, Ella, L & M, Lark, Mustang, Indy, Albany, eram algumas das marcas que me lembro dos idos anos setenta.
Ufa! Uma cacetada de marcas de cigarros já busquei.
Enquanto jogavam canastra, os fumantes, que eram maioria naquela época, acendiam um cigarro no toco do outro e haja cigarro.
Eu era o sapo menino que ficava em volta da mesa atento ao jogo.
Não me importava em sair para buscar cigarros, ainda mais quando sobrava algum troco.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Juarildo, o soldador

- Bom dia chefe, como foi o final de semana? Perguntou o encarregado de montagens, Lucimar, com jeito de quem quer agradar.
- Bem. O que temos para hoje? Respondeu o chefe, carrancudo.
- Bom, o material para iniciar o barracão da marmoraria ficou retido na barreira, parece que deu um probleminha de excesso de peso na carreta, mas já está sendo resolvido pela transportadora, com isso vou colocar o pessoal pra adiantar as tesouras do galpão do distrito; o pessoal do corte dos arremates continua normalmente. Ah! O Juarildo, soldador, mandou recado que não veio trabalhar porque a mãe dele faleceu ontem.
- Que pena. Tá bom, deixa eu organizar esses papéis aqui e qualquer coisa te chamo. Até mais.
Enquanto o chefe separava os papéis sobre a mesa, pensou: que pena a pobre mãe do Juarildo, coitado, trabalha conosco há tantos anos, ele deve estar arrasado, um bom rapaz, falta ao serviço uma vez ou outra, mas é um bom trabalhador, solteiro ainda, tem uns quarenta e poucos anos mas aparenta ter bem mais, gosta de uma cangibrina, nunca nos negou uma viagem para trabalhar no trecho, sempre disposto a ir onde quer que fosse, já rodou esse Brasil afora conosco, é isso mesmo, vamos lhe prestar essa solidariedade, ele merece.
Bateu a mão na mesa, se levantou e foi até a porta.
- Oh! Lucimar!
- Sim chefe.
- Vem cá, estive pensando melhor e como o material vai atrasar e a equipe está meio que de bobeira, vamos ao velório. Pegue o pessoal e vá no caminhão até a casa dele, vamos prestar esse último ato de fé cristã e amizade.
- É pra já! Um dos meninos é vizinho dele e sabe o endereço.
Desligadas as máquinas, guardadas as ferramentas, se ajeitaram no caminhão que saiu em pouco prazo. A casa do dito cujo ficava um pouco distante, num bairro de periferia, era uma casa simples e não tinha muros e nem cercas fechando o quintal, algumas tabocas ralas de bambu amarradas com arame farpado enferrujado definiam o limite do lote. De longe dava para ver os fundos da casa e a cobertura improvisada que definia a área de serviço. Assim que o caminhão dobrou a esquina viram uma senhora debaixo dessa pequena cobertura, a se proteger do sol forte, com o tanque de lavar abarrotado, dando duro na lavagem de roupas. Era a pobre e miúda senhora mãe do infeliz.
- Mas não é possível! O que deu nesse sujeito? Resmungou o encarregado, danado da vida.
Encostaram o caminhão, ninguém desceu, só o encarregado, pra não assustar a coitada. Ele se apresentou e disse que estavam ali para buscar o Juarildo, ela confirmou que era mesmo a mãe dele e quase sem tirar os olhos da esfregação das roupas com sabão de bola, disse soltando os cachorros pelas ventas que aquele ingrato não tinha voltado para casa no final de semana e que ao mesmo tempo ela estava muito preocupada, que apesar daquele jeito desmiolado dele, um atitude sem propósito como aquela não era do seu feitio, onde já se viu? nem para mandar um recado sequer, como é que podia? um marmanjo com aquela idade, ainda deixar uma pobre e velha mãe com o coração apertado, encasquetada daquele jeito, não tinha cabimento tamanho desaforo. O encarregado ouviu tudo caladinho, desejou-lhe um bom dia, muita saúde, longos anos de vida, pediu mil desculpas pelo incômodo, agradeceu humildemente e voltou ao caminhão. O pessoal na carroceria, às gargalhadas, já sabia onde ele devia estar. Se rumaram para lá e não deu outra, encontraram o pé-de-cana num bar de ponta de rua, jogando sinuca, bêbado como um gambá, com um baita de um hematoma na testa, todo sujo, com a cara de quem tinha passado o fim de semana invernado na manguaça.
- Filho da mãe! Deixa quieto, vamos embora avisar o chefe. Ordenou o encarregado.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Ninhada

A cadela Belinha daquela vez pariu oito cachorrinhos. Seis já haviam sido doados. Ficaram duas que ninguém queria. Assim, foram ficando e crescendo e brincando e aprontando e se apegando aos donos da casa.
Um belo dia uma menininha por lá apareceu por acaso e se encantou pelas ditas.
Levou as duas.

Crise no setor

Logo de manhã o sujeito apareceu à frente do ex patrão, todo apavorado, pedindo um adiantado para ajudar na passagem de ônibus, pois precisava sair de viagem para tal lugar. Era uma bocada boa e não podia deixar passar. Pelo prometido, tinha serviço para pelo menos uns dois meses. Iam juntos mais dois amigos e um parente, o pagamento era semanal e estavam animados. Naquela hora o ex patrão estava sem verba e ficou de ajudar mais tarde, antes da saída do ônibus. O sujeito não voltou.
Passados alguns meses ele apareceu: - E aí, como foi? - Nem de conto. Era a maior roubada. De cara não tinha alojamento decente, tivemos que improvisar, a boia era péssima. O pagamento semanal, nunca saia na data certa e ainda vinha sempre a menor, ficando sempre dinheiro na casa. Deu vontade de voltar, mas se voltássemos, nunca receberíamos o que ficava retido. Foi assim o primeiro mês, enrolando, o segundo mês também, aí no terceiro, nos preparamos e caímos fora. Não dá, é muito inseguro e arriscado, o encarregado era um brutamontes que mais parecia um capataz. Melhor ficar por aqui fazendo bicos até surgir coisa melhor.

Cadê o Aldo?

- Cadê o Aldo? Ele não veio hoje. Alguma notícia? Nenhuma. Vamos aguardar, talvez ele venha amanhã.
No outro dia: - E o Aldo, veio? Até agora não. Se não veio até agora, não virá mais hoje. Disseram que ele está gripado. Um outro tossiu forte de propósito.
Deixa estar. Se ele não aparecer amanhã, teremos que contratar outro. Se algum de vocês conhecer alguém que saiba fazer o serviço pode deixar de sobreaviso.
Depois de dois dias de falta, o Aldo apareceu, com cara de que nada tinha acontecido, pegou as ferramentas e foi trabalhar.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Primeiro Baile

Pai posso ir ao baile? de jeito nenhum menina, você só tem quinze anos, ah! pai, minhas colegas de sala vão, só as duas evangélicas não irão, você só vai se sua avó for junto, ela cheirou e fez muita coisa errada nos anos sessenta, ela sabe muito bem do que estou falando, vó o que você fez de errado nos anos sessenta? que pergunta é essa menina? só pode ter sido coisa do maluco do seu pai, sim vó, foi ele que me disse, é que quero ir ao baile e ele disse que só deixaria eu ir se a senhora fosse comigo, tem base? não minha filha não tem base, ah! meus ex-maridos, que deus os tenha! ainda bem que agradeço por ter somente um genro, vamos falar com sua mãe e ver o que ela acha, já falei, ela deixa eu ir, já até comprou meu vestido, pois sim, então vamos convencer o cabeçudo do seu pai, deixa comigo, o baile é amanhã à noite, combinei com as amigas de irmos às oito, vai lá e bota o vestido que vou ter com seu pai e venha com sua mãe também, é pra já! viu só, como ficou sua filha? já é uma moça e ficou linda, muito linda mesmo, pois é, fui vencido, então pode ir, o baile é amanhã e amanhã é dia de futebol, quero que você volte antes do final do jogo que acaba `meia noite e ponto final.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Causa perdida

Protásio chegou cedo no escritório e disse ao advogado que não podia decidir nada sozinho, sem os outros irmãos.
Chamaram o Prometeus pelo celular, mas deu caixa de mensagem, devia estar viajando, ou então, havia pego algum trabalho para fazer em fazendas próximas e estava num lugar onde o celular não dava sinal. Se os outros irmãos fossem, decidiriam sem ele.
O Prudêncio estava no meio da montagem de um motor e não podia deixar o serviço enquanto não terminasse o conserto, estavam em cima dele sem tirar o olho, o dono da oficina e o fazendeiro aflito, precisando do motor.
O Pojucan, muito bruto, disse em recado dado pelo irmão Protásio, que não queria saber de nada daquilo e o que eles decidissem para ele estava de bom tamanho, pois confiava no irmão mais novo e que não via a hora de tudo aquilo terminar e eles terem sossego porque não podia mais ouvir falar nas convocações daquele advogadinho que não conseguia resolver um imbróglio que já vinha se arrastando a tanto tempo. O recado foi dado assim, como se a bronca fosse só do Pojucan.
E o Péricles? O professor de música. Perguntou o advogado. Esse é todo enrolado, nunca chega na hora certa e garantiu que estaria aqui, deve de estar chegando, tentou se justificar o Protásio, já demonstrando aflição.
Aquela não era a primeira vez que o advogado tentava reunir os cinco irmãos para explanar as condições do acordo.
Impossível, o advogado comunicou oficialmente ao Protásio que estava naquele momento deixando a causa, que abria mão de receber qualquer tipo de honorário e que procurassem outro advogado.
Na saída encontrou no corredor com o irmão Péricles que procurava algum documento na bolsa de pano a tiracolo. Chegou tarde, vamos embora que o homem não quer saber mais de nossa causa, mandou procurar outro.

No fio do bigode

Eram duas vacas solteiras e magrelas em troca de uma vaca parida e uma solteira mais encorpada. Negócio de ocasião. O negociante disse um punhado de balelas como de costume e o pobre do fazendeiro caiu na conversa aceitando prontamente o negócio. Ele só pensou no leite que a vaquinha já viria dando para lhe ajudar a encher o balde e no bezerro para um futuro negócio. Embarcaram as duas vacas magrelas com o compromisso do negociante de trazer as outras duas, a vaca parida com o bezerro e a vaca solteira mais encorpada, ainda antes do anoitecer. Anoiteceu e nada. No outro dia, o fazendeiro preocupado, ligou para todos os lados pedindo informação do sujeito, nem o telefone dele havia pego, tamanha a satisfação em ficar livre das duas vacas magrelas. Foi um negócio em confiança, no fio do bigode. Nunca mais.

Desculpa Escalavrada

Amanhã vencerá outra e acumularão duas parcelas, disse o cobrador ao telefone, tranquilo, pode deixar que vou tentar colocar em dia, disse o cliente, não muito convicto de que cumpriria o combinado porque ainda contava com as vendas e recebimentos do dia e naqueles tempos de crise, não se vendia nada e recebimentos então? a maioria dos devedores ligavam adiando os pagamentos e cada um com uma desculpa mais escalavrada e que palavrinha feia essa que saiu do nada assim de repente e sem saber o significado esse autor foi direto ao dicionário e não há de ver que encaixou direitinho no texto para sua surpresa pois pode ser uma desculpa arruinada ou mesmo uma desculpa golpeada se é que se pode chamar assim, pois tanto.
Colocado o telefone no gancho adentrou na loja a pequena vendedora de salgados e doces como ela mesma disse, hoje não, esse pacote sobre o balcão é o nosso lanche que a padaria entrega todos os dias, bom também, perguntou os preços de algumas mercadorias embolsou alguns panfletos afins e tomou seu rumo ao encontro de outros clientes mais fiéis.
Lá fora tá um calor da peste depois de um final de semana chuvoso mas como estou debaixo de um ventilador barulhento dá para se ir levando até o cansaço me inclinar a levantar e desligar esse bicho que gira e vez ou outra passa a noite girando pois é esquecido ligado e não reclama, esse daí, quando reclamar, pela idade que tem, já era.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crise hidrica

Os ventos de agosto empoeiram a cidade. A secura do ar provoca toalhas molhadas e até mesmo bacias d'água ao lado das camas nas noites tijucanas. Alguns têm umidificadores. Durante os dias a economia de água em afazeres antes corriqueiros salta aos olhos. Nada de lavar calçadas, carros como antes. Em algumas cidades estão se virando com menos da metade da água consumida antes. O que virá depois, ninguém pode prever. Os hábitos estão mudando, forçadamente.
A continuar assim um êxodo inverso levará moradores a deixar as cidades grandes de volta ao interior.

domingo, 5 de julho de 2015

Manteiga

A fazendeira e o canto de minas
se encontraram na prateleira:
- O que faz essa caipira aqui no meu canto?
- Quem disse que é seu canto?
- Quem decide é o cliente.
- Lá vem uma dona de casa.
- Quer apostar quem sai primeiro?

domingo, 14 de junho de 2015

Sesta

Moramos no segundo andar. Ouço alto uma música caipira que rola numa casa vizinha. Um disco do Milionário e José Rico em sua fase mais antiga animando uma churrascada. Divirtam-se.
Certamente alguns vizinhos chatos mais acima devem estar a reclamar que a música os incomoda a sesta.
Nunca fui de deitar após as refeições. Quando criança meu pai quando via um dos filhos deitado após as refeições indagava se estava doente.
Hoje, depois de anos de estresse, entendo que alguns poucos minutos de cochilo após as refeições são benéficos.
Deixemos o Milionário e José Rico tocar.
Milionário que nos deixou a pouco tempo depois de anos cantando pelo Brasil inteiro. Até no Japão eles cantaram. Os "gargantas de ouro" do Brasil.
Quando fui pra faculdade, era 1978 em Goiânia, levei comigo uma fita cassete somente com música deles. Foi difícil. Quase apanhei. Poucos anos depois foi inaugurada uma rádio que era cem por cento música sertaneja. Sucesso até hoje. Sucesso que começou com eles, certamente. Muitos dos que quase me bateram no início viviam ligados na sintonia da rádio. Depois veio o forró universitário e relaxaram com a música, comercializaram por demais.

O tal do quibebe

Sorvete de creme com chocolate de sobremesa. O almoço foi um quibebe em fogão de lenha caipira na casa da avó de minha esposa que estava da hora. Reunião de família, fiquei conhecendo a pequena Alice de apenas quaro meses que veio de Santa Vitória, a mais nova da família. Peguei-a no colo por alguns minutos, ela não chorou e ficou a me olhar de pescocinho virado pra cima como o Pedro fazia quando procurava o barulho da minha mastigação ao comer pão. A avó Erotides esteve internada ontem com princípio de pneumonia, mas foi pra casa ontem mesmo e já está bem melhor, pelo menos comeu quibebe pra caramba.

Um novo endereço

O locador chegou e disse:
- Precisamos do prédio para montar uma loja de roupas. Tivemos que fechar o nosso outro comércio e o ponto que temos para a loja é esse.
- Sim, então me deem um prazo para desocupar.
- Que prazo?
- Um ano.
- Não, um ano é muito.
- Seis meses então, até o final do ano.
- Tá bom.
- Preciso encontrar outro lugar, preparar, adequar, não é tão simples, estamos aqui há nove anos.
E assim ficaram. O locador foi embora e o locatário pego de surpresa ficou a pensar no inconveniente de tal mudança numa hora tão difícil em que a economia do país está praticamente parada e sem previsão de melhorias no curto prazo.
No outro dia o locador volta e diz:
- Mas eu preciso abrir a loja ainda esse ano, no final do ano.
- Já sei, então tenho que sair uns três meses antes.
- É!
- Já entendi, farei o possível. Emendou o locatário danado da vida por dentro das calças.
Imediatamente o locatário começou a procurar outro ponto folheando os classificados. Informou ao contador a novidade e foi alertado que para mudança no contrato social para o novo endereço as finanças fiscais precisam estar ajustadas. Caramba, mais essa, pensou com seus botões o locatário que ainda não encontrou o novo endereço.

Hebdomadário - isso é que é uma palavra feia

A semana que passou foi dura e não consegui ler nenhuma página do meu Urupês do Monteiro Lobato. O livro que ando lendo ultimamente que está marcado, em linguagem jurídica, como lido numa página do meio. Folheio todos os dias, há anos, o jornal Folha de São Paulo e alguns jornalecos locais. Jornalecos que exageram, todos eles, nas fotos e propagandas e divulgam muito pouco de útil.
Os jornais de minha cidade, um diário e três hebdomadários precisam de uma verdadeira recauchutagem, ou mesmo de um enxugamento, afinal são quatro jornais para uma cidade pequena como a nossa. É muito.

Dia dos Namorados

Sexta-feira, doze de junho, dia dos namorados. Ouço forró porque esse ela também gosta. Vi uma garrafa de vinho no canto da geladeira. A ocasião merece um brinde. O filho foi ao cinema assistir uns dinossauros. Aquele dente em tratamento não mais me incomoda e os telefones voltaram a funcionar. Muito romântico para um dia dos namorados. Jantamos, bebemos o vinho e rimos um bocado. Bom né!

Pilares

Nesse ensolarado domingo de junho penso calmamente nos acontecimentos dessa semana que certamente terão influência decisiva sobre mim.
Meu filho ontem participou de uma gincana numa escola que não é a dele. Passou a tarde e depois emendou em uma festa na casa de um colega e demorou para desespero da mãe que lhe telefonou umas três vezes enquanto esse pai sofria vendo seu time perder novamente na televisão. Quando chegou estava de calção molhado e todo sujo porque havia nadado numa piscina. Caramba ele tem quinze anos, precisa sair com os colegas e se divertir. Na noite anterior ele assistiu no cinema mais um filme sobre dinossauros. Bah!
Volto a pensar na semana que se inicia. São tantos os compromissos e tenho que ser muito artista para conseguir saná-los, artista não, malabarista. Agora, convenhamos, malabarista em economia, já viu né, é tampar o sol com a peneira e ir empurrando as escoras de sustentação da casa para que ela não caia.
Tenho fé que a casa ainda enrijecerá seus pilares.

O Portão da Garagem

Fui guardar o carro ontem à noite e o portão não abriu. Remexi o controle remoto em todos os ângulos e nada. Desci do carro tentei mais de perto achando que pudesse ser a bateria do controle, mas não deu, o portão permaneceu lá, impassível. Voltei a estacionar o carro na rua. Antes havia assistido a mais uma derrota do Vasco no campeonato brasileiro de futebol, no horário das vinte e uma horas de sábado, ou seja, já estava com a cabeça quente pela quarta derrota seguida e ainda tinha que enfrentar o portão. Hoje acordei cedo e fui conferir pela sacada se o carro ainda estava lá. Minha cidade ainda é um tanto tranquila e também meu carro de quinze anos não desperta tanto interesse assim. Conferido, lá estava. Se meu carro fosse uma mercedes qualquer certamente eu teria novamente incomodado a síndica à meia noite de sábado. Mês passado aconteceu a mesma coisa, só que eu estava do lado de dentro, era de manhã e estávamos saindo para o trabalho, minha esposa conseguiu carona com uma vizinha que já estava com o carro do lado de fora e foi trabalhar. Eu corri a incomodar a síndica às sete da manhã. Ela desceu e mostrou-me como desativar o portão da engenhoca eletrônica e abri-lo manualmente por dentro. Agradeci e fui trabalhar. Agora de novo. Só que pelo adiantado da hora não tive ânimo para dar a volta, ir por dentro e tentar abrir o portão manualmente, fazer barulho e incomodar os vizinhos. Esse portão precisa é de ser trocado e sem demora. Enquanto escrevia aqui ouvi o danado do portão funcionando, fui conferir pela sacada e não há de ver que o danado estava funcionando. O defeito deve estar no controle remoto, ou quem sabe no operador que estava levemente abalado pela derrota do seu time.

domingo, 7 de junho de 2015

Ame, sempre.

Para onde vai o amor?
Para onde estivermos se ele estiver em nós.
Ame seu cachorro, seu gato, seu pato, seu pássaro, seu peixe.
Demonstre isso.
Não sinta vergonha de demonstrar que ama.
Saiba pedir perdão.
Se não souber,
ou se for muito difícil,
invente um jeito de se arrepender,
nesses casos uma rosa quebra qualquer gelo.
Desentendimentos passageiros com quem amamos podem ser bons,
revigoram a relação.
Se assim não for é porque não mais existe amor.
Dê presentes.
Esteja presente.
Converse com os filhos.
Seja amigo deles sem ser pegajoso, sem irritá-los.
Seja duro e saiba afagar.
Não lhes dê motivos para gostar mais do carro novo
do que do passeio no final de semana na casa dos avós.
Aquele é meu pai, aquela é minha mãe.
Pode ter a certeza de que eles dirão isso aos colegas
e não pedirão para que os deixem na esquina longe do portão da escola,
mesmo quando o carro tiver com o escapamento furado.
Seja cortês.
Um simples gesto ao vizinho chato que você tromba todos os dias no corredor,
ou mesmo um sorriso a um colega no trabalho na segunda pela manhã
é um ato de amor.
Tente e veja como a vida será mais fácil de ser vivida.
Vale a pena, sempre vale a pena.
E sejas feliz!

17 volumes.

Depois de pouco mais de uma hora de caminhada na Avenida Marginal com minha esposa, estou de volta, revigorado, nesse primeiro domingo de junho. Devia fazer isso mais vezes. Prometo que vou tentar.
Eu nunca havia lido Monteiro Lobato, acreditem, estou lendo agora, consegui de presente a coleção completa dele que pertencia a uma amiga querida, a Dona Cida sogra de minha irmã, comecei pelo primeiro volume e espero conseguir chegar com entusiasmo ao décimo sétimo livro com capa dura verde daquelas coleções antigas. Creio que conseguirei. A brasilidade dele contagia. Um forte. Como poucos.

Atraso digital

O Brasil tem poucas bibliotecas.
As escolas públicas no Brasil ainda estão muito atrasadas com relação à inclusão digital.
Existem escolas com equipamentos de informática engavetados ainda sem uso.

Junho de 2015: mudanças.

Lá fora se vislumbra uma manhã de sol escancarada. Penso em sair, caminhar, pedalar. Há tempos deixei a academia, mas é certo que voltarei. As mudanças que a vida provoca me entusiasmam, mesmo as inesperadas. Sempre vejo essas mudanças repentinas como oportunidades para melhoras, para crescimento em todos os sentidos. Novamente me encontro no meio de uma delas. Espero ter discernimento para tomar as decisões certas e saúde para seguir em frente.

sábado, 4 de abril de 2015

Nada a engavetar

A vizinha de cima está de tamanco e anda pra todo lado numa tarde de sábado.
Ouço blues e meu copo está vazio. Meu filho, que ainda ontem estava febril, foi ao cinema, deve de ter melhorado. Minha mulher foi rezar num mosteiro próximo, afinal hoje é sábado da aleluia.
Assisti um documentário sobre um pintor russo que foi para os Estados Unidos no início do século passado ainda criança. Depois que resolveu se dedicar à pintura, demorou trinta anos até ter seu trabalho reconhecido. Sofreu horrores. O cara era bom. Teve um fim trágico.
Ando sem poemas a engavetar.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Café da manhã

Mas que café é esse?
Só falta fruta.
Por isso não:
tem mamão e melão,
banana e melancia,
aquele abacate ainda está verde.
Tem pão francês quentinho,
da última fornada,
tem pão de queijo,
pão de forma,
bolo de fubá da roça,
(capricho de minha mãe),
biscoito de água e sal e
bolacha de maizena.
Tem manteiga caipira
e requeijão cremoso
Canto de Minas.
Tem suco de pêssego gelado,
leite desnatado de caixinha
e acredite, tem até café.
Vai encarar?