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domingo, 16 de novembro de 2014

Manoel de Barros - 97 anos - o poeta das grandezas do ínfimo

Essa semana perdemos o poeta Manoel de Barros. Ele faleceu aos 97 anos no Mato Grosso. O poeta das inutilidades, do nada, das coisas simples da vida.

"...o artista é um erro da natureza, Beethoven foi um erro perfeito... quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos...eu queria ser lido pelas pedras...verso não precisa dar noção...tudo que não invento é falso...tem mais presença em mim o que me falta...o que não sei fazer desmancho em frases...hei de monumentar os insetos...noventa por cento do que escrevo é invenção, o resto é mentira... mais alto que eu só Deus e os passarinhos...é no ínfimo que eu vejo a exuberância... a ciência não pode calcular os encantos de um sabiá... posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo)... a força de um artista vem das suas derrotas, arte não tem pensa...fotografei o silêncio, o perfume, o perdão, a metáfora... as palavras viajam para o poema como as águas de um rio...daqui vem que todos os poetas podem arborizar os pássaros, humanizar as águas, aumentar o mundo com suas metáforas, compreender o mundo sem conceitos e refazer o mundo por imagens e por afeto...produzi desobjetos...já morei na unha do dedão do pé do fim do mundo, que meu pai chamava exílio... quero morrer no barranco de um rio..."

Vai poeta Manoel de Barros, descanse em paz, você estará sempre em nós, em cada nada... em cada despalavra.

Creio que também..."Tenho um Aferidor de Encantamentos"