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sábado, 13 de julho de 2019

As Travessuras de Tonhola - Mão boba

Aconteceu numa brincadeira dançante.
Improvisaram uma boate numa residência que virou ponto de festa aos finais de semana. O bar ficava na cozinha e as bebidas eram servidas pela janela que dava para a varanda dos fundos.
Tonhola foi com o amigo Joacir, que por ser bem menor no tamanho e mais velho na idade tinha a preferência e ia à frente. Chegaram cedo, mas em pouco tempo a casa estava lotada e a música estava alta e os casais dançavam agarradinhos. Os solteiros perambulavam pra lá e pra cá e ou ficavam encostados nos cantos assistindo a dança e o esfrega esfrega sob aquela iluminação negra.
Numa das vezes que atravessaram a sala, Joacir, já mais alegre do que devia, dando uma de espertinho, meteu a mão na busanfa de uma menina que passava por eles. A reação da garota foi instantânea e violenta: ela virou-se ofendida, deu um grito de ódio e se deu de frente justamente com o pobre do Tonhola e não quis nem saber, meteu-lhe um tapa na cara daqueles, com a mão aberta que a sala ouviu e chegou até a interromper a dança por alguns segundos, depois foi imediatamente arrastada para outra sala pelas amigas. O coitado, boquiaberto, com a cara latejando, ficou plantado ali no meio da sala sendo observado, apanhou sem saber do que se tratava. O amigo, entre aspas, enfiou a cabeça entre os ombros, se afastou de fininho e se pôs a observar de longe.

As Travessuras de Tonhola - Um Garoto Afeminado

- Você viu como aquele menino tem um jeitinho assim?
- Repara só!
Disse Tonhola ao amigo ao ver o garoto ainda distante.

Ao se aproximar dos outros meninos o moleque ficava todo dengoso, retorcendo o corpo como se estivesse se coçando por dentro.
Era o jeitinho sim aboiolado.
- Como pode? O moleque ainda cheirava a fraldas.
Deve vir de berço.
O pai está desconfortável, mas, sem saber o que fazer fica meio que de olho no guri, que também não é bobo e já percebeu e o evita.
A mãe o enche de dengos e acha bonitinho o seu jeito de ser e o empolga.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

As Travessuras de Tonhola - Tonhola e o Mar

A primeira vez que Tonhola viu o mar, por pouco não foi a única.
Como sabemos, ele até então, não sabia nadar.
Ele foi convidado por amigos a ir numa excursão escolar e foi de gaiato, depois de um carretel de recomendações da avó Dona Rica aos professores responsáveis pelo passeio e tudo na presença do neto, que, avexadíssimo ouvia os perrengues da avó sem nada poder fazer. Só olhava para os professores para que lhe tivessem pena.
Tiveram pena dele. O menino foi confirmado no passeio.
A viagem era longa, passaram a noite toda na estrada e amanheceram diante do mar.
Para a maioria dos alunos um deslumbramento por ser a primeira vez. Tonhola então, era um abestado só.
O ônibus passou pela avenida à beira-mar e estacionou a poucas quadras no hotel onde ficariam.
Mal lamberam o café da manhã e se mandaram para a praia e não estavam nem aí para os gritos dos preocupados professores.
O mar estava calmo naquela manhã.
O local era uma enseada.
Correram para o mar para molhar suas novas roupas de banho. Tonhola parecia um garimpeiro de Serra Pelada com aquele seu shortezinho apertado de nylon azul com duas fitas brancas verticais nas laterais.
E foram entrando mar adentro pois estava muito raso.
E a água deu na canela e foram entrando.
E a água deu na cintura e foram entrando.
E a água deu no peito e foram entrando mas a essa altura alguns começaram a ficar para trás.
Os outros foram entrando, os mais corajosos. Adivinhem se o Tonhola não era um deles?
E foram entrando.
Veio uma onda mais forte, já com a água no peito e a areia correu forte entre seus pés puxando para o mar adentro.
Mesmo assim ainda foram entrando, só alguns poucos.
E foram entrando.
A próxima onda que veio retirou-lhe a areia dos pés, não tinha mais onde pisar, putz que susto.
Tonhola tentou voltar mas não tinha onde pisar, ele dava pedaladas tentando encontra o fundo e nada, começou a baixar o desespero e veio outra onda e com ele solto na água a força da onda por um verdadeiro milagre o trouxe de volta até uma altura que seus pés alcançaram a areia.
Já em areia firme, refeito do susto, ele disfarçou bem, deu uma sacudidela no shortezinho apertado de nylon azul com duas fitas brancas verticais nas laterais e respirou fundo aliviado.
Tonhola ficou o resto do passeio com água só pelas canelas.

As Travessuras de Tonhola - Carne enlatada

Kitut. Esse era o nome da carne enlatada que tudo quanto era boteco vendia. É uma mistura de carne bovina, suína e de frango que podia ser comida ao natural, do jeito que vinha. A embalagem tinha um abridor anexado à lata que era só girar estava pronto para degustar.
Tonhola passou uns maus pedaços por causa do tal do Kitut.
Dona Rica tinha conta num armazém e as compras eram anotadas num caderninho espiral daqueles pequenos. Cada cliente tinha um.
Tonhola corre lá no armazém e busca isso, e busca aquilo, e busca aquilo outro por aí vai.
Cada buscada daquelas Tonhola acrescentava por sua conta e risco uma lata do tal do Kitut. Sua avó deixou? Perguntava o desconfiado dono do armazém, deixou sim, pode confiar, e anota um kitut e outro e outro e acabou acumulando aquilo e no final do mês quando Dona Rica foi acertar a conta quase teve um treco. Era muito Kitut. Tonhola vem cá seu moleque você me paga!