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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Primeiro Baile

Pai posso ir ao baile? de jeito nenhum menina, você só tem quinze anos, ah! pai, minhas colegas de sala vão, só as duas evangélicas não irão, você só vai se sua avó for junto, ela cheirou e fez muita coisa errada nos anos sessenta, ela sabe muito bem do que estou falando, vó o que você fez de errado nos anos sessenta? que pergunta é essa menina? só pode ter sido coisa do maluco do seu pai, sim vó, foi ele que me disse, é que quero ir ao baile e ele disse que só deixaria eu ir se a senhora fosse comigo, tem base? não minha filha não tem base, ah! meus ex-maridos, que deus os tenha! ainda bem que agradeço por ter somente um genro, vamos falar com sua mãe e ver o que ela acha, já falei, ela deixa eu ir, já até comprou meu vestido, pois sim, então vamos convencer o cabeçudo do seu pai, deixa comigo, o baile é amanhã à noite, combinei com as amigas de irmos às oito, vai lá e bota o vestido que vou ter com seu pai e venha com sua mãe também, é pra já! viu só, como ficou sua filha? já é uma moça e ficou linda, muito linda mesmo, pois é, fui vencido, então pode ir, o baile é amanhã e amanhã é dia de futebol, quero que você volte antes do final do jogo que acaba `meia noite e ponto final.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Causa perdida

Protásio chegou cedo no escritório e disse ao advogado que não podia decidir nada sozinho, sem os outros irmãos.
Chamaram o Prometeus pelo celular, mas deu caixa de mensagem, devia estar viajando, ou então, havia pego algum trabalho para fazer em fazendas próximas e estava num lugar onde o celular não dava sinal. Se os outros irmãos fossem, decidiriam sem ele.
O Prudêncio estava no meio da montagem de um motor e não podia deixar o serviço enquanto não terminasse o conserto, estavam em cima dele sem tirar o olho, o dono da oficina e o fazendeiro aflito, precisando do motor.
O Pojucan, muito bruto, disse em recado dado pelo irmão Protásio, que não queria saber de nada daquilo e o que eles decidissem para ele estava de bom tamanho, pois confiava no irmão mais novo e que não via a hora de tudo aquilo terminar e eles terem sossego porque não podia mais ouvir falar nas convocações daquele advogadinho que não conseguia resolver um imbróglio que já vinha se arrastando a tanto tempo. O recado foi dado assim, como se a bronca fosse só do Pojucan.
E o Péricles? O professor de música. Perguntou o advogado. Esse é todo enrolado, nunca chega na hora certa e garantiu que estaria aqui, deve de estar chegando, tentou se justificar o Protásio, já demonstrando aflição.
Aquela não era a primeira vez que o advogado tentava reunir os cinco irmãos para explanar as condições do acordo.
Impossível, o advogado comunicou oficialmente ao Protásio que estava naquele momento deixando a causa, que abria mão de receber qualquer tipo de honorário e que procurassem outro advogado.
Na saída encontrou no corredor com o irmão Péricles que procurava algum documento na bolsa de pano a tiracolo. Chegou tarde, vamos embora que o homem não quer saber mais de nossa causa, mandou procurar outro.

No fio do bigode

Eram duas vacas solteiras e magrelas em troca de uma vaca parida e uma solteira mais encorpada. Negócio de ocasião. O negociante disse um punhado de balelas como de costume e o pobre do fazendeiro caiu na conversa aceitando prontamente o negócio. Ele só pensou no leite que a vaquinha já viria dando para lhe ajudar a encher o balde e no bezerro para um futuro negócio. Embarcaram as duas vacas magrelas com o compromisso do negociante de trazer as outras duas, a vaca parida com o bezerro e a vaca solteira mais encorpada, ainda antes do anoitecer. Anoiteceu e nada. No outro dia, o fazendeiro preocupado, ligou para todos os lados pedindo informação do sujeito, nem o telefone dele havia pego, tamanha a satisfação em ficar livre das duas vacas magrelas. Foi um negócio em confiança, no fio do bigode. Nunca mais.

Desculpa Escalavrada

Amanhã vencerá outra e acumularão duas parcelas, disse o cobrador ao telefone, tranquilo, pode deixar que vou tentar colocar em dia, disse o cliente, não muito convicto de que cumpriria o combinado porque ainda contava com as vendas e recebimentos do dia e naqueles tempos de crise, não se vendia nada e recebimentos então? a maioria dos devedores ligavam adiando os pagamentos e cada um com uma desculpa mais escalavrada e que palavrinha feia essa que saiu do nada assim de repente e sem saber o significado esse autor foi direto ao dicionário e não há de ver que encaixou direitinho no texto para sua surpresa pois pode ser uma desculpa arruinada ou mesmo uma desculpa golpeada se é que se pode chamar assim, pois tanto.
Colocado o telefone no gancho adentrou na loja a pequena vendedora de salgados e doces como ela mesma disse, hoje não, esse pacote sobre o balcão é o nosso lanche que a padaria entrega todos os dias, bom também, perguntou os preços de algumas mercadorias embolsou alguns panfletos afins e tomou seu rumo ao encontro de outros clientes mais fiéis.
Lá fora tá um calor da peste depois de um final de semana chuvoso mas como estou debaixo de um ventilador barulhento dá para se ir levando até o cansaço me inclinar a levantar e desligar esse bicho que gira e vez ou outra passa a noite girando pois é esquecido ligado e não reclama, esse daí, quando reclamar, pela idade que tem, já era.