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quinta-feira, 31 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Sorveteria Columbia

Sorveteria Columbia, era o nome do bar onde se fabricava um sorvete e picolé de creme, cujo sabor era único.

Para o picolé eram duas formas, uma de formato redondo e outro quadrado com o pauzinho de madeira.

Uma vez, Tonhola foi comprar um picolé e o atendente estava sozinho no balcão com outros clientes e disse ao menino, que já lhe era conhecido, entre e pegue você mesmo.

Tonhola entrou e ao abrir a tampa de vidro do balcão frigorífico, notou que um dos picolés redondos estava sem pauzinho. Alertou o atendente que numa exclamação de culpa, disse que ele poderia pegar aquele para chupar, não precisaria pagar.

No outro dia, com o atendente ocupado, a mesma coisa, pode entrar e pegar o picolé, tem outro sem pauzinho aqui, pode pegar pra você de novo, só que aquele não estava sem pauzinho, Tonhola quebrou o pauzinho de propósito.

Tonhola chupou alguns outros mais depois daquilo, da mesma forma.

quarta-feira, 30 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Pensão de Monte Alegre

Tonhola foi numa outra viagem até a cidade de Monte Alegre, uma das mais antigas da região, um pouco além do Trevão também para participar de uma outra campanha.

Dessa vez, por ser mais longe, saíram de manhã bem cedo.

A viagem foi muito boa. Aquele trecho com buracos na estrada não existia mais, já haviam sido feitos os reparos, tá certo que de forma improvisada, mas buracos não tinham mais.

Chegaram, o carro foi estacionado na praça da cidade e as orientações foram passadas aos três garotos que se esparramaram um para cada lado com o compromisso de se encontrarem tal hora na pensão em frente à praça, onde almoçariam.

Cada um, de posse de seu material, saiu de casa em casa oferecendo os adesivos e divulgando a campanha. O tratamento que receberam daquela vez, foi bem melhor que o do Trevão. Mesmo as pessoas não comprando, ficavam atentas ao motivo da campanha e tratavam bem os meninos, ofereciam água e alguns até os entusiasmavam a seguir adiante, vai lá no fulano que ele contribui, diziam.

Na hora marcada, encontraram-se famintos na pensão para o tão aguardado almoço. A comida era caseira, muito bem preparada, inesquecível e tinha um suco de graviola que fez a diferença no almoço. Os meninos não conheciam e adoraram o refrescante suco natural.

Continuaram com a campanha até o meio da tarde, precisavam voltar antes do escurecer. A campanha foi melhor dessa vez, arrecadaram mais.

terça-feira, 29 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Adesivos no Trevão

O convite feito a Tonhola e os outros dois colegas foi para ajudar numa campanha que se iniciava. A tarefa deles era oferecer adesivos com a estampa da campanha para serem fixados nos vidros dos carros. O Trevão ficava no cruzamento das duas estradas principais da região, uma norte-sul e outra leste-oeste, era o cruzamento de maior movimento da região.

Não foi de muito sucesso a empreitada.

A maioria dos carros que paravam para os serviços no posto de gasolina e no restaurante, faziam cara feia para os meninos e não compravam nada. Muitos eram até grossos e nem deixavam eles terminarem de explicar do que se tratava a campanha. Foi tempo perdido. Um insucesso. Para a campanha, mas não para os meninos. Eles estavam mais era se divertindo, apesar das broncas que levavam, principalmente das madames, as esposas dos que viajavam em família, para espanto dos meninos.

Somente alguns caminhoneiros contribuíram com a campanha e permitiram a colagem dos adesivos em seus caminhões.

No final não haviam arrecadado quase nada, mal deu para o lanche, mas divulgaram a campanha.

Ficaram de voltar mais vezes.

segunda-feira, 28 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - A Primeira Viagem

A primeira viagem de Tonhola foi de fusca.

Ele fora convidado com mais dois amigos e participar de uma campanha num local de grande movimento de veículos, não muito distante da cidade.

Almoçaram mais cedo naquele dia e partiram com o compromisso de voltarem até o final da tarde. O motorista era um membro da paróquia local, amigo de Dona Rica.

Eles não sabiam direito o que teriam que fazer, mas foram animados. Animados com a viagem, com o novo, com o que veriam pela frente, tudo era novidade. Pararam num ponto na beira da estrada para chupar abacaxi, fruta da hora. Admiraram pelo caminho as lavouras de milho e de algodão que se perdiam de vista na distância. Passaram por um trecho delicado da estrada, com muitos buracos, os carros passavam devagar em ziguezague escolhendo os melhores caminhos. Algumas vezes o fusquinha chegou a arranhar o soalho no asfalto, tamanho os buracos, por maior que tenha sido os cuidados do motorista, foi uma passagem tensa. Alguns carros aguardavam na beira da estrada por socorro com os pneus estourados.

Daquela vez, deu tudo certo, cumpriram as tarefas determinadas e voltaram um pouco antes do horário previsto, devido o estado da estrada.

domingo, 27 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Caminhada Ecológica

A professora de Tonhola convocou os alunos para uma caminhada ecológica.

A caminhada seria no sábado pela manhã com saída do pátio da escola. Era para cada um levar o seu lanche e uma garrafa com água, suco ou refrigerante.

A criançada adorava aquele tipo de evento. Saíram caminhando pelas ruas, em blocos, pela calçada, até a avenida que margeava o córrego que atravessa a cidade. Seguiram até o final da avenida e se adentraram na mata no final da rua. Por cada bicho ou planta que passavam a professora perguntava se alguém poderia dizer o nome. Dos bichos, quase todos sabiam, até mesmo o nome de quase todos os pássaros, mas o nome das plantas, só os alunos que vinham da roça, sabiam alguma coisa. Para todos foi um aprendizado aquele passeio, cansativo, mas muito útil, todos aprendiam mais sobre os animais, as plantas. Também aprendiam mais sobre os colegas e o convívio com eles e os professores. Antes do meio dia já estavam todos de volta à escola.

As Travessuras de Tonhola - Susto no Ribeirão

No acampamento daquele episódio anterior, teve uma passagem que marcaria para sempre a vida de Tonhola.

Foi o susto no ribeirão.

O poço que se formava na curva depois da queda d'água onde a molecada se divertia nadando, não era muito grande, mas tinha profundidade o bastante para encobrir um adulto.

A moçada do acampamento se divertia no poço todos os dias no final da tarde, depois de concluídas as tarefas do dia. Os que sabiam nadar, aproveitavam, os que não sabiam, aproveitavam também, a seu modo, se divertindo na parte rasa do poço. Só que menino dessa idade, já viu, cada um quer ser mais que o outro, brincadeira que acabou dando no susto que o nosso herói se tornou vítima: um dizia ao outro, você não tem coragem, eu tenho, você não vai, eu vou, e um ia, e outro ia, e outro não ia e chegou a vez de Tonhola e ele não foi, passou a vez de todos e de novo ele não foi, não tinha coragem de atravessar o ribeirão como a maioria fazia; um dos monitores da turma contrária à de Tonhola, ao saber que ele foi o único a não atravessar o poço, avisou aos colegas que insistissem para ele ir, que assim que ele entrasse no poço tentando atravessá-lo ele próprio ia num mergulho mais profundo dar aquela ajudazinha; insistiram tanto, que Tonhola se encheu de coragem e resolveu atravessar o poço a nado; toda a parte mais profunda do poço dava em torno de umas dez braçadas a travessia, muito para quem não sabia nadar, mesmo assim, cheio de coragem ele se atirou na água e foi rumo à outra margem; quando estava quase no meio do poço, o monitor, que era um bom nadador, mergulhou e foi no sentido transversal de encontro ao assustado Tonhola, que mesmo em sua concentração total no tremendo esforço para efetuar as desajeitadas braçadas, percebeu quando alguém se atirou nágua, justo naquele sacrificante momento, o que é claro, só aumentou o seu desespero; o menino entrou em pânico antes do monitor alcançá-lo para a triste brincadeira, parou com as braçadas e tentou buscar o fundo do poço e nada de fundo alcançou, bebeu água; os meninos que acompanhavam a aventura do lado de fora, como uma brincadeira, se assustaram, alguns entraram na água para ajudar ao perceberem que o negócio estava ficando sério e que o menino estava mesmo era se afogando e dando braçadas e coices e bebendo água naqueles segundos de pavor; o monitor alcançou a perna de Tonhola, não para assustá-lo como era sua intenção inicial e sim para salvá-lo; tentou puxá-lo sem sucesso, o susto foi grande e não era mais só do afogado, todos ficaram muito assustados; quando o monitor percebeu que aquilo não era mais uma brincadeira e que o menino estava mesmo se afogando, deu um jeito de arrastá-lo para fora d'água com a ajuda dos colegas que entraram no poço, os demais assistiram a tudo do lado de fora e ficaram muito sem graça com o que tinham feito. Tonhola saiu branco da água, chorando apavorado e quando deu por si ainda chorando, gritou aos berros xingando todos. Passado o susto, depois do menino restabelecido, caíram na gargalhada. Ufa! Aliviante!

Aquele susto marcou Tonhola para o resto da vida. Ele não mais aprendeu a nadar.

sexta-feira, 25 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Piquenique no Cerrado

Tonhola certa vez pegou um resfriado muito forte. Dona Rica fez de tudo para o menino sarar, xarope de farmácia não adiantou, chás caseiros, fez o menino engolir gema de ovo de galinha; feche o olho, tampe o nariz e coloque a colher na boca, bem no fundo e engole de uma vez, ela dizia, e o moleque engolia as gemas inteiras, mas nada o fazia melhorar da tosse, da gripe até que ele melhorou, mas da tosse.

Uma vez Dona Rica ouvira de uma amiga, que tinha um dos filhos com problemas respiratórios, ela quase todas as semanas pegava a filharada, eram quatro além do que tinha problemas, organizava um piquenique para entusiasmá-los e saia bem de madrugada, antes do dia clarear para fazê-los caminhar respirando o ar da madrugada que era um santo remédio.

Pois Dona Rica organizou um piquenique. Falou com o filho Alfredo que deixou os netos Aramis e Aroldo dormirem na casa dela naquela noite. Preparou o Tonhola e saíram bem de madrugada com o céu ainda escuro caminhando até fora da cidade. Encontraram uma árvore frondosa e ali instalaram o piquenique. Dona Rica estendeu a toalha com a ajuda dos netos e colocou a cesta com os lanches no meio. Todos estavam muito alegres. A bronca por acordarem ainda de madrugada, foi passando ao longo da caminhada e o bom humor que o ar matinal provoca tomou conta de todos. Tudo no caminho lhes era motivo para piadas e risos. Tonhola nem se lembrava da tosse. Reunidos sobre a toalha esparramada na grama, com o orvalho protegido pela copa da árvore, saborearam o delicioso lanche que fora preparado na véspera com carinho.

Tonhola demorou alguns dias ainda para se curar de todo da tosse, mas aquele piquenique, ele nunca mais esqueceu.

quinta-feira, 24 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Gabirobas

Gabiroba ou guabiroba é uma frutinha do cerrado deliciosa que hoje é raramente encontrada. Essa eu pesquisei: a gabirobeira é um arbusto silvestre típico do cerrado brasileiro, seu nome vem do tupi-guarani e significa casca amarga.

Naquela época a meninada se organizava e saia pelos campos à cata da saborosa fruta.

Cuidado com as cobras, eram as recomendações. As cobras deviam adorar essas frutinhas amarelas. Ela é parecida com uma goiabinha pequena, só que da casca lisa e que fica amarelinha quando madura. Por não ser enjoativa, a molecada chupava litros dessa iguaria.

Tonhola sempre que saia para o campo em época de gabirobas, trazia um pouco para sua avó que adorava.

Daquela vez os meninos resolveram ir mais longe, porque nos campos mais próximos da cidade, quase não eram mais encontradas. Estavam os garotos no descampado, concentrados nas moitas que viam pela frente com os olhos ligados nos frutinhos amarelos. Bem próximo ao final do campo aberto, uma mata fechada dava indícios de que ali não encontrariam nada, mas continuaram seguindo o campo, sem adentrarem na mata. Um pouco mais adiante levaram um baita susto com um barulho vindo da mata que tinha o chão forrado de folhas secas, não deu outra, uma vaca preta saiu assustada por detrás da mata em direção aos meninos. Foi um susto só e em disparada, esparramados um para cada lado correram em fuga até que pararam na distância e observaram a vaca se acalmar e voltar para a mata fechada. Que baita susto! Era hora de se mandarem.

As Travessuras de Tonhola - Pecuária no Campo de Futebol

Começava ali uma tradicional festa na cidade e em toda a região.

O local ficou pequeno para tanta gente.

Foi de improviso. Escolheram o Estádio de Futebol para sediar a primeira festa agropecuária da cidade. Um senhor evento. Sucesso total.

Em poucos anos foi construído o parque definitivo que funciona até hoje.

Naquela primeira festa, Tonhola não perdeu uma noite. Foi em todas com os amigos. Queria participar de tudo, de todas as barracas, de todos os brinquedos. Haja dinheiro! Ralhou Dona Rica. Moderem-se. Já no segundo dia, foi definido, só pode gastar tanto e nem adianta discutir.

terça-feira, 22 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Os Leões do Circo

Daquele mesmo circo que nosso amigo foi com sua avó, num episódio anterior, saiu pelas ruas um carro com autofalante puxando uma carretinha com grades e com alguns pequenos cachorros vira-latas dentro.

Pasmem.

Eram dois artistas fantasiados de palhaço, um dirigia e o outro descia do carro que seguia em baixa velocidade avisando aos moradores sobre o propósito daquela circulação em marcha lenta pelas ruas da cidade.

Eles estavam recolhendo alimentos para os leões do circo.

Tem base!

Se fosse hoje seriam presos.

Eles pediam aos moradores que tivessem algum cão indesejável, que os deixassem levar para alimentar os leões do circo.

Tonhola quando viu aquilo teve vontade de ir lá e soltar os bichinhos presos na carretinha.

segunda-feira, 21 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - O Sol na Arquibancada

Domingo era dia de futebol no campo da cidade e o Alfredo quis levar os meninos e chamou também o Tonhola.

Era um jogo contra um dos times grandes da capital. O jogo do ano para a cidade e região.

Chegaram cedo para conseguir lugar na arquibancada. Todos foram acomodados. O jogo seria no período da tarde, estava um sol de rachar mamona e o calor era insuportável.

Lotou a arquibancada em pouco tempo. Alfredo, já preparado, levou um guarda-chuva preto, grande para os dias de chuva, mas que quebrava um tremendo galho fazendo uma sombra que protegia ele e os três garotos.

Antes do jogo, sem problemas. Foi só o jogo se iniciar e começaram os gritos de quem estava sentado atrás para que baixasse o guarda-chuva. Atiraram bagaços de laranja e o Alfredo, atento ao jogo, fazia de conta que não era com eles.

Passados alguns minutos sob aquela pressão, não teve jeito, o guarda-chuvas teve que ser recolhido e dá-lhe sol na cabeça, que já estava quente.

O time da casa perdeu, claro. O jogo foi duro. Mas aquela gritaria enfurecida da torcida para o guarda-chuva ser guardado, ficou na memória do nosso amigo. Por alguns instantes ele chegou a sentir medo.

Foi a primeira mostra que ele teve, ainda em criança, de como uma torcida organizada em grupo pode provocar horrores.

Os Cinco Porquinhos


Era uma vez, numa casa muito pequena, que ficava na beira de uma estrada nos cafundó do mundo, onde quase ninguém passava.
A casa era habitada por um senhor já muito velhinho, que andava torto e arrastando os pés pelo chão. Seu nome era Seu Nonô.
Seu Nonô tinha cinco porquinhos muito gordinhos e engraçadinhos.
Por viver sozinho naquela casa na beira da estrada, o Seu Nonô cuidava dos cinco porquinhos como se fossem da sua família.
Seu Nonô colocou em cada um dos porquinhos um nome de pessoas que ele havia conhecido ao longo da sua bem vivida vida.
Todos os porquinhos eram brancos e o mais velho tinha uma mancha preta na popa do lado direito, seu nome era Adamastor.
O mais novo era um pouco menor que os demais e seu nome era Nestor.
Os outros três eram muito parecidos e seus nomes eram: Adolfo, Ataulfo e Gaspar.
Ninguém nunca soube o porquê da escolha daqueles nomes, também, pouco importava.
O Adamastor era o mais sério e não reclamava por ser o único a ter uma mancha na popa.
O Adolfo vivia por todos os lados em companhia do Ataulfo e do Gaspar e tudo que o Ataulfo e o Gaspar faziam, ele imitava.
O Ataulfo vivia por todos os lados em companhia do Adolfo e do Gaspar e tudo que o Adolfo e o Gaspar faziam, ele imitava.
O Gaspar vivia por todos os lados em companhia do Ataulfo e do Adolfo e tudo que o Ataulfo e o Adolfo faziam, ele imitava.
Como podemos ver eram muito unidos os três porquinhos do meio.
O Nestor, por ser o menor, era o mais serelepe e vivia aprontando pela casa pois tinha muita energia para brincar.
Por onde o porquinho mais velho ia, também iam os outros quatro.
Os porquinhos viviam muito felizes na casa do Seu Nonô.

domingo, 20 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Seu Chico Risada

Seu Chico Risada era um habilidoso seleiro, especialista em fazer loros e contra-loros. Aqueles apetrechos de sola cromo usados para se apertar a sela nos cavalos.

Outra especialidade do Seu Chico Risada era a de desvendar sonhos e com isso ele fez fama.

Muitos o procuravam por vários motivos, a contar seus sonhos e tentar no inimaginável decifrar o que tinha experimentado no desconhecido dos sonhos.

Muitas vezes dava certo, podem acreditar.

Quem o procurava acreditava. Seja antes de fechar algum negócio importante, ou em assumir um relacionamento e também os palpites para algum jogo de azar.

Seu Chico Risada ficou na lembrança de Tonhola que o conheceu por acaso. O nome lhe chamou a atenção e também o cheiro das solas preparadas em cromo que ele lidava.

Todos os dias Seu Chico Risada passava na porta da casa de Dona Rica para ir ao trabalho, pedalando uma bicicleta alta para seu tamanho, com pneus muito finos.

Um dia ele parou e perguntou a Dona Rica se ela não queria que ele ensinasse a profissão ao seu neto. Ele estava mesmo precisando de um ajudante. Disse que daria a resposta depois, ficou de pensar. Assim, de pronto ela não gostou muito da ideia. Ela pensou nas ferramentas de corte muito afiadas que ele manejava e essas ferramentas nas mãos do neto, com a destreza que ele demonstrava, eram um perigo iminente. No outro dia agradeceu e desistiu. Aquela profissão não se enquadrava nas aptidões de Tonhola.

As Travessuras de Tonhola - A Espingarda do Zé da Horta

Próximo ao campinho de terra batida onde os meninos jogavam futebol, tinha uma chácara com muitas árvores frutíferas e um bambuzal enorme. O dono era conhecido por Zé da Horta. A meninada não sabia o porquê daquele nome porque na chácara não tinha sinal nenhum de horta. Só as árvores e um quintal muito sujo e mal cuidado.

Só que as mangas eram uma tentação.

Na época das frutas, elas de longe se destacavam e eram frequentes os ataques da molecada em busca dos deliciosos frutos.

Só que os ataques eram tantos que o senhor Zé da Horta, que morava sozinho, resolveu se prevenir e adquiriu uma espingarda de chumbinho. Em sua intenção, parece, ele queria somente assustar a molecada, a fama da espingarda se espalharia e os furtos diminuiriam, o que realmente aconteceu.

Mesmo com a ameaça da espingarda, alguns dos meninos continuaram se arriscando. Numa dessas aventuras, Tonhola se meteu a acompanhar os colegas. Entraram por um buraco na cerca de tela, já em péssimas condições e praticamente toda tomada por um pé de bucha. Foram sorrateiramente para para a parte mais baixa da chácara, onde ficavam os pés mais saborosos. De passagem, pelos fundos do casarão muito alto e antigo, ficava uma garagem onde se escondia um carro camuflado por uma lona suja e velha. Tonhola ficou maravilhado ao ver aquele carro antigo. O carro era único, não havia outro daquele tipo na cidade. Era de cor bege e estava muito bem conservado, só dava para ver uma parte dianteira do carro e o pneu com aquela tarja branca limpinha. Lindo. Um contraste tremendo com a sujeira do quintal e o terrível estado de conservação da construção.

Tonhola nem se preocupou mais com as mangas, a espingarda e nem com a possibilidade da chegada do Zé da Horta, que não estava em casa naquela tarde. O medo do risco que corriam desapareceu quando ele viu aquela maravilha mecânica.

sexta-feira, 18 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - O Pé de Caqui

No caminho para a escola, numa esquina quase de frente para a igreja, tinha um prédio antigo, imponente, com piso de madeira elevado em relação à calçada e um porão com aquelas aberturas com grades em ferro fundido, com desenhos harmoniosamente trabalhados, serviço de habilidoso serralheiro e que servia para a circulação do ar. Na parte da frente do prédio ficava uma loja com quatro portas de madeira com degraus invadindo a calçada, naquele tempo era permitido construções assim. A parte da casa em que ficava a residência, acoplada no mesmo prédio, ficava nos fundos e a entrada era por uma única porta, também de madeira com degraus invadindo a calçada, mas com abertura para a lateral, direto para a sala.

Essa casa era de uma família de libaneses e o ponto comercial já não funcionava mais, as portas ficavam sempre fechadas, mas a família morava lá.

Nos fundos do quintal, na lateral do ponto comercial, tinha um pé de caqui. Era o único pé de caqui das redondezas e era novidade para a molecada que nem mesmo conhecia tal fruta.

Quando o pé estava carregado, com aqueles belos e frondosos frutos vermelhos, a molecada assanhada ao passar do outro lado da rua, mordia os lábios de curiosidade. A dona da casa era uma senhora idosa, sisuda, sem lado de se chegar, usava sempre uns vestidos compridos e escuros.

Certo dia, Geraldo, o colega cuspidor de fogo de Tonhola, disse que ia pular o muro e apanhar alguns frutos. Certificou-se de que a pobre velha estava sozinha em casa, confirmou isso ao vê-la sentada num dos cômodos e partiu para a ação. Caqui maduro, sem o vasilhame correto, não dá para se carregar muitos, ainda mais tendo que pular o muro de volta. Mesmo assim, conseguiu colocar alguns dentro da camisa amarrada na cintura e saiu sem ser visto.

Tonhola, que aguardava a arriscada aventura das proximidades, viu quando o amigo veio em sua direção e foram juntos para a sombra de uma árvore de frente para a igreja saborear os ditos.

Que delícia de frutas docinhas e macias.

Pouco tempo depois souberam que a velha faleceu.

O pé de caqui, estranhamente passou a não dar mais frutos.

quinta-feira, 17 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Aula Diferente

Na escola, a professora avisou a todos que naquele dia fariam uma visita. Sairiam caminhando até a casa de uma das alunas da sala, que ficava a apenas algumas quadras da escola.

Ao anunciar o nome da garota o coração de Tonhola bateu mais forte.
Era a casa da garota que ele estava de olho há tempos. Uma moreninha linda muito meiga, que ainda não sabia e parece que nem imaginava das intenções de nosso amigo.

Foram pela rua, a sala caminhando a passos lentos, conversando alto, rindo no encalço da professora e da garota que puxavam a fila.

Realmente a casa não ficava muito longe, em poucos minutos lá chegaram. Aglomerados na entrada, receberam as últimas orientações da professora, com destaque para o procedimento, diretamente dirigidas com autoritários olhares para os meninos mais afoitos. Um a um eles entraram devagar. A casa era simples, com a pintura branca já desgastada; sobre as janelas de caixilhos de ferro e vidro fantasia, umas grades salientes com ferros redondos bem dobrados em arte de serralheria davam vida e destaque às fachadas, ainda que a pintura esmalte em cor vermelho rodapé também estivesse bastante judiada pelo tempo; na frente da casa ficava a garagem sem cobertura e um jardim mal cuidado implorando uns tratos. Quase dividindo o lote ao meio ficava o muro com um portão de ferro em chapa fechada já consumido pela ferrugem em sua metade inferior. Nos fundos, o protegido quintal, motivo da visita daquele dia, com uma variedade de plantas, muitas frutíferas e outras ornamentais, tudo muito mais bem mais cuidado que o jardim frontal.

Também tinha uma arara azul grande que foi uma diversão para a garotada, que em sua maioria não dava a mínima para as plantas. A arara ficava protegida num cercadinho de tela com cobertura, tinha um cheiro muito forte de arara e ficou toda serelepe, agitada com a chegada daquele tanto de gente.

Essa moreninha, a dona da casa, foi um forte motivo para ele gostar mais de frequentar as aulas.

quarta-feira, 16 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Correio Elegante

Outra brincadeira muito divertida nas festas religiosas era o correio elegante.

Mais uma vez, o amigo entre aspas de Tonhola, o Joacir, aprontou pra cima dele.

Chegaram na festa mais cedo, antes do Tonhola aparecer, combinaram o plano e ficaram na expectativa.

As moças do correio elegante usavam um chapéu para identificação e uma delas, também amiga dos garotos, ficou encarregada de entregar o bilhete ao homenageado.

No bilhete dizia: "Sou sua grande admiradora e gostaria de me entregar contigo atrás da sacristia às nove horas. Clotilde".

Claro, os meninos ficaram em volta observando a cara do Tonhola ao receber o bilhete, fazendo esforços para não cair na gargalhada.

A festa da quermesse era realizada no pátio da igreja. Era um espaço apertado e mesmo assim reunia grande parte da comunidade. A festa durava uma semana e em todas as noites eram leiloadas prendas ofertadas para arrecadar fundos para as obras da igreja. Naquela ocasião a obra da vez era a construção do salão paroquial em dois pavimentos, a ser erguido nos fundos do terreno, de frente para a sacristia.

Tonhola ao receber o bilhete, ficou todo entusiasmado, mesmo não conhecendo nenhuma Clotilde ele não conseguiu disfarçar um sorrisinho no canto dos lábios. Pensou em dividir aquilo com alguns dos colegas, mas desistiu. Guardou para si, fechou a cara, enfiou o bilhete no bolso e saiu a circular como se nada tivesse acontecido. Olhou no braço e confirmou as horas, todo orgulhoso que estava de usar pela primeira vez o relógio de pulso Orient que ganhara de sua avó, cujos ponteiros brilhavam no escuro e era tão grande e pesado que quase lhe entortava o corpo para o lado esquerdo. Era uma maravilha erguer o punho e balançar o relógio, sentia-se poderoso e também parecia um pouco mais velho do que a idade que realmente tinha. Faltavam pouco mais de meia hora para o inesperado encontro. Ele não via a hora de conhecer a tal Clotilde.

Poucos minutos antes, os garotos, liderados por Joacir, acompanhados também pela sacana da garota que entregou o bilhete, foram disfarçadamente para o outro lado da igreja aguardar o destinatário.

Lá chegou Tonhola, na hora marcada, todo ansioso, tremendo nas bases ao encontro de Clotilde.

Que Clotilde que nada.

Na hora marcada, apareceu toda aquela cambada zoando em sua cabeça na maior gargalhada.

Caiu feito um patinho.

terça-feira, 15 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Quermesse

Quermesse é festa comemorada todo ano pela comunidade católica. É tradição em cidades do interior e é geralmente em data do santo padroeiro da paróquia. Em toda quermesse tem barraquinhas para sorteios, como a do coelhinho onde nosso amigo Tonhola foi sorteado num episódio anterior; tem quitutes e guloseimas, geralmente pratos típicos de cada região; e também bebidas como vinho quente, aguardente e quentão.

A meninada se diverte, a paróquia arrecada fundos para as obras emergenciais, para obras de reformas e até para acréscimos em suas instalações físicas.

Naquele ano Tonhola fora convocado para participar como membro colaborador voluntário assistente na equipe organizadora do evento.

Dona Rica recebeu o convite que feito pelo próprio pároco, que lhe falou com autoridade com ares de que, "já está na hora de começarmos a impor um pouco de senso de responsabilidade nesse menino". Ela recebeu o recado, mas não confirmou a presença do neto, precisava antes de ter uma prosa dura com ele.

- De jeito nenhum, o menino ao saber do convite, declinou totalmente, não queria saber de jeito nenhum de qualquer responsabilidade que lhe tomasse o tempo de se divertir com os colegas e de seguir as meninas sem ter com o que se preocupar. Também ele tinha a certeza de que se fosse um dos voluntários com aquele boné indicatório, fatalmente, seria motivos de chacota entre os colegas.

Dona Rica, convencida, foi ter com o padre e disse-lhe que ficaria para outro ano a participação de Tonhola na quermesse.

segunda-feira, 14 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Uma Queda

Tonhola fora brincar de pique esconde com uma molecada nas proximidades de uma construção.

Já era noite. A construção era um sobrado e já estava em fase de acabamento. De um cômodo no andar superior que dava acesso à escada não havia nenhuma proteção e os meninos se arriscavam escondendo no andar de cima.

Numa dessas, Tonhola foi sair correndo de onde estava para não ser descoberto, não percebeu o vão da escada e caiu direto sobre os degraus. O tombo foi feio e assustador. O menino caiu de pé e bateu com o queixo na quina do degrau em concreto da escada e fez um corte feio. Os dentes de baixo amoleceram e ele teve que passar uma semana comendo sopa. Pior foi aguentar o coreto dos colegas na escola que inventavam motivos para ele estar escondido no segundo andar de uma construção em andamento e no escuro.

domingo, 13 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Cachoeira dos Padres

A igreja católica historicamente recebeu terras como donativos pelas classes mais abastadas.

Deve ser por isso que aquela bela cachoeira era chamada de Cachoeira dos Padres.

Tonhola nunca se importou com isso e também não procurou saber o motivo do nome da cachoeira.

Da cachoeira sim ele se importava. O véu de noiva da queda d'água que se formava, o chuvisco gelado que a névoa provocava, o som contínuo das águas, tudo lhe era mágico.

Uma belezura na paisagem.

Embaixo o poço em forma de bacia onde as águas mansas descansavam e na beirada dava até para se ver os peixinhos, tão límpida a água era.

Na festa do casamento na roça, alguns amigos combinaram de dar um pulo na cachoeira, que ficava no caminho de volta para a cidade. Álvaro levou a família para conhecer o lugar. Os meninos acompanharam alguns banhistas e também entraram na água. Tonhola não quis entrar, não sabia a fundura e achou melhor não arriscar novamente.

Preferiu gravar aquela imagem.

sábado, 12 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Casamento na Roça

As festas de casamento naquela época eram regradas com muita fartura.

Dona Rica fora convidada para o casamento da filha de um comerciante influente na cidade. A festa seria numa fazenda.

Alfredo se prontificou a levá-los e foram toda família felizes.

Ali deu gente com gosto. Já na estrada o movimento de carros era grande e a poeira cobria e sujava os cabelos e as roupas das damas e cavalheiros que se protegiam como podiam.

O casamento fora marcado para as onze horas da manhã. Depois, muita comida e bebida puxada por um saboroso churrasco era o prometido pelo anfitrião.

Só que esse casamento demorou um pouco mais que os outros a se realizar. O desajeitado do padre se atrasou. Geralmente quem se atrasa é a noiva, dessa vez foi o padre. O pai da noiva já estava ficando preocupado e quando já tomava providências para mandar buscar o celebrante, ele apontou na entrada da fazenda, de batina, sozinho conduzindo uma lambreta velha e fumacenta.

Celebrado o casamento teve início a melhor parte da festa. A festa, porque a fome já apertava.

Um sanfoneiro começou a tocar acompanhado por um baixinho com um chapéu de couro tocando um triângulo e um magrelo com um boné de político, mais alto que o sanfoneiro, tocando um daqueles tambores compridos. O baixinho parecia ter formiga no corpo e dançava o tempo todo, já o magrelo acompanhava a batida com o tambor e só mexia os pés.

Improvisaram uma tenda de lona onde o sanfoneiro e os músicos num dos cantos tocava. Pelo tamanho da tenda e a animação dos convidados, a dança ia longe e o arrasta-pé ia correr solto, apesar do sol que ardia alto.

Um garrafão de aguardente, de um famoso fabricante local, corria de mão em mão. Pra ninguém desanimar. Os que não bebiam passavam adiante.

Alfredo não bebia pinga. Só chope e cerveja e mesmo assim, muito pouco, só nos finais de semana ou em festas como aquela. E o chope ali também não faltaria, mesmo estando quente. Mas ele sabia que ali não podia beber muito pois teria que dirigir de volta. E para a meninada, muito guaraná, de garrafa pequena de vidro, carinhosamente apelidada de caçulinha. Naquela época não havia refrigerante em embalagens plásticas.

Já sobre a comida, aí sim, realmente a festa começou.

Ao lado da tenda onde os casais se dirigiram para a dança, foi montado um aparato de modo a tapar a visão da enorme mesa onde foram colocados os pratos. Era uma mesa em tábuas de madeira em cavaletes, com um forro de plástico com fotos de frutas e comidas. Sobre a mesa estavam dispostos uns panelões com comidas para todos os gostos. Panelas com vários tipos de carnes cozidas e assadas, uns macarrões grossos e deliciosos com muito queijo ralado por cima, arroz branco, arroz com linguiça, arroz com carne seca, arroz com suã. Meu Deus, quanta comida! E ainda tinha a carne assada nos enormes espetos que eram servidas no final da mesa. Uma fila foi organizada e cada um tomava de seu prato de plástico colorido e se servia a vontade. Que fartura.

Alguém gritou que os noivos iam dançar a valsa e de repente a fila em volta da mesa se esvaziou rapidamente e a criançada fez a festa dentro da festa. Dona Rica teve que acudir para os meninos não abusarem. Tonhola encheu o prato só com o macarrão e já saiam dali comendo em pé mesmo. Comeram e repetiram, até não se aguentarem mais. Aquela festa foi inesquecível e única.

Quando perceberam que a comilança já estava diminuindo, destamparam outra mesa menor, na varanda da casa com uma esplêndida diversidade de doces caseiros. Doces em pedaços, em calda, puxentos, de todos os tipos e sabores. É um abuso. O jeito foi improvisar e levar alguns para comer depois.

Depois daquela festa, os tempos mudaram.

sexta-feira, 11 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - A Chácara do Brimo

A Chácara do Brimo era um lugar de festas na cidade. Muitos casamentos foram consagrados ali.

Quando a festa era grande, para muitos convidados, abriam uma vala no chão para assar as carnes à moda gaúcha. Um luxo!

Que delícia era em criança saborear aquela carne macia, mal passada e quentinha, com o sangue escorrendo por entre os dedos.

Uma vez Tonhola foi numa festas dessas. O casamento era da filha de um amigo do Alfredo, que também trabalhava na prefeitura. Foram a família toda com Dona Rica e o neto, afinal uma festa daquelas não era todo dia.

O casamento fora na igreja pela manhã. Foi um casamento demorado e no final o padre chamou a atenção de todos e informou que estavam convidados para a recepção que aconteceria na Chácara do Brimo, pegou um papelote e leu o endereço. Saíram todos dali apressados para pegar um bom lugar. Os cumprimentos aos pais e noivos seriam dados na festa.

O Álvaro, esperto com esse tipo de evento, escalou o filho Aramís para ir mais cedo com uns amigos e garantir uma mesa para a família.

Quando chegaram a casa já estava lotada, casa não, espaço, porque as mesas foram dispostas sob a sombra das muitas mangueiras ali existentes. Foram mais convidados do que as cadeiras dispostas nas mesas ofereciam; os que não conseguiram assentos ficavam em pé em volta das mesas. Lá dos fundos, vinha o cheiro delicioso das carnes se ardendo nas brasas. Todos se acomodaram à mesa garantida por Aramís e aguardaram o circular dos garçons. As bebidas estavam sendo servidas primeiro e o chope corria solto entre os convidados, os refrigerantes também. Não serviam água. O Afredo pegou dois chopes para ele e a esposa Janete, Dona Rica não quis, bebeu refrigerante também com os netos. Alfredo reclamou do chope quente, mas bebeu.

Passava o tempo e nada de servirem a carne. Todos já estavam famintos. Parece que estavam esperando a carne assada completar as bandejas dispostas, de modo a servir a todos de uma vez, daí a demora.

Enquanto a carne não vinha, o povo bebia.

Aquilo não podia dar em boa coisa. Bebida e estômago vazio não combinam e pelo entusiasmo dos garçons circulando, chope não faltaria.

Foi quando Tonhola, faminto, percebeu que seu tio Alfredo começou a rir de uma forma estranha. Ria de tudo, por qualquer motivo. O chope estava fazendo efeito.

Liberaram os garçons para servir mandioca e vinagrete de tomate, em pouco prazo, chegou a tão aguardada e deliciosa carne assada com uma farofinha temperada. Uma fartura. Que bela festa.

quinta-feira, 10 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Campinho de Futebol

Aquele campinho onde o time dos amigos do Tonhola foi goleado num episódio anterior estava ficando famoso na região, ganhou até nome: Beira-Bosta.

O nome foi dado em alusão a uma final de campeonato que o Cruzeiro fez com o Internacional de Porto Alegre onde o goleiro Manga, do Sul, fez verdadeiros milagres. O jogo fora no Estádio Beira-Rio.

A fama correu e organizaram uma competição, convidando mais três times a participar. Seria um torneio e por sorteio os times se enfrentariam em mata-mata, quem perdesse o primeiro jogo era eliminado e os dois vencedores fariam a partida final.

O time de Tonhola foi eliminado de cara pelos donos da casa, só que dessa vez sem serem goleados. Até que jogaram bem, foi puro azar. Tonhola dessa vez não teve culpa nenhuma porque não jogou, assistiu do banco de reservas.

O outro time finalista foi do Bairro Floresta e era uma meninada esperta na bola e na porrada. Eles venceram o primeiro torneio do Beira-Bosta. Daquela vez não tinha prêmio nem troféu, foi só a consagração.

quarta-feira, 9 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Com Que Roupa na Quermesse

Outra festa tradicional na cidade era a festa católica da padroeira da cidade.

A festa durava uma semana e tinha muitas atrações.

Numa dessas atrações eram dispostas várias casinhas de madeira numeradas, nas extremidades de um cercadinho e no meio dele ficava um coelhinho dentro de uma caixa de papelão presa num barbante. Ao lado, num balcão ficavam expostas as várias prendas, doadas pela comunidade para a festa. Os bilhetes eram vendidos a cada rodada e as prendas colocadas em cima das casinhas de madeira. Vendidos os bilhetes, soltavam o coelhinho que se assustava com aquele barulho em volta e corria a se esconder numa das casinhas, ganhava a prenda o sortudo daquela casinha.

Os colegas de Tonhola marcaram de se encontrar na quermesse.

Tonhola implicou com a avó e não queria ir de calça curta. Queria ir de calça, camisa e cinto como todo mundo. Só que sua avó não estava preparada, o menino só tinha uma calça comprida limpa e que ainda estava grande para ele usar, as outras, puídas, de brim, ou estavam muito velhas, ou sujas. Ele tinha que ter avisado antes, aquela calça era de tergal cor cinza, calça para ir à missa, ficava caindo e tinha que dobrar a barra das pernas. Ele bateu o pé, de calças curtas é que não ia. Dona Rica deus seus pulos e ajeitou a roupa do menino. Ele foi de camisa xadrez de manga comprida, colocou um velho cinto do Alfredo, que ela sabia estava num baú antigo. Era um cinto de couro bege, todo furado e cheio de ilhoses que o menino achou uma beleza, certamente ia impressionar as meninas, pensou. Deu quase duas voltas na cintura, mas como era cheio de furos, até que ficou bom e o calçado era o famoso kichute que ele cuidara à tarde, passou até tinta nugguet.

Depois que ele saiu, Dona Rica ficou se rindo sozinha de ver a metideza do neto indo para a quermesse. Já era um rapazinho.

As Travessuras de Tonhola - Baile de Carnaval

Chegou o Carnaval. Uma festa linda que era aguardada com ansiedade. Tonhola ficou sabendo na escola que haveria baile para a meninada no clube da cidade no domingo e segunda-feira de Carnaval. Era a matinê.

Tonhola nunca fora ao Carnaval.

Dona Rica chegou a frequentar alguns bailes, quando jovem. Chegou até a desfilar num bloco na época que havia Carnaval de rua na cidade. Isso há muito tempo.

Carnaval de rua estava proibido na cidade.

Tonhola virou uma sarna em cima de Dona Rica para que o deixasse ir à matinê no domingo. Ele ficou sabendo que a moça que o levou ao cinema não perdia uma noite e também nenhuma matinê. Deu um jeito de pedir que ela viesse ajudar no consentimento de sua avó. O que foi feito.

Foi o menino no seu primeiro Carnaval.

segunda-feira, 7 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Passeio na Represa

Joacir convidou Tonhola para um passeio na represa, no sábado, após o final do expediente na mercearia. A represa ficava nos arredores da cidade e dava para ir a pé mesmo.

Tonhola ficara encarregado de chamar os outros colegas. Napoleão, Erasmo e Garibaldo toparam. Marcaram de se encontrar após o almoço em casa de Dona Rica. Quando Joacir chegou, saíram com a recomendação de Dona Rica de não voltarem muito tarde, ela fez questão de sair lá fora e falar diretamente ao Joacir, que era o mais velho e que portanto, ela esperava que tivesse mais juízo. Sim senhora, pode ficar sossegada.

E partiram se divertindo rua afora. Tonhola não sabia nadar, os outros quatro sabiam, o pior deles era o Erasmo, mas mesmo assim, disse que já havia atravessado a represa nadando.

Na empolgação, não demorou muito e lá chegaram. A represa tinha uma casinha de madeira com telha de barro, que ficava bem antes do meio dela, a poucas braçadas da margem. Rapidamente os meninos se atiraram na água e nadaram até a casinha. Tonhola ficou de fora observando. Tomou coragem e entrou na água caminhando rumo à casinha, deu pé até certo ponto, faltando ainda alguns metros ele não alcançava mais o pé no chão, mas com a água no queixo, tomou coragem, se atirou, incentivado pelos colegas, deu algumas três braçadas desajeitadas e alcançou o madeiramento da casinha. Ufa! Respirou fundo buscando o fôlego por alguns minutos. Ficou por ali sobre o tablado de madeira, um palmo e pouco acima do nível da água, vendo os colegas se divertirem. Joacir era o que ia mais longe, nadava com braçadas largas e ia de um lado e de outro demonstrando suas habilidades. Os outros ficavam por ali, subindo no tablado e mergulhando na represa. Tonhola quieto no seu canto. Mas ele tinha motivos para agir assim. Era um trauma de quando lhe puxaram o pé num poço de cachoeira e ele se afogou, o que veremos ainda noutro episódio.

Chegada a hora de voltar, quem disse que Tonhola entrava na água. O menino travou. Todos voltaram e ele ficou lá no tablado com o maior medo de se afogar, pensando, vai que me lanço na água consigo dar três braçadas, busco o chão com o pé e não encontro, tô fora.

Foi salvo pelo zelador da represa que o buscou de canoa.

domingo, 6 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - O Acampamento

O grupo de escoteiros programou um acampamento numa fazenda.

Os meninos foram orientados a pedirem autorização por escrito aos pais porque passariam algumas noites no acampamento, a previsão inicial era de uma semana.

Tonhola não podia ficar de fora de um evento desses.

Para animar a meninada, o acampamento foi dividido pelo chefe em duas turmas, cada turma tinha uma cor diferente, uma azul e outra laranja.

O acampamento era tipo militar, com barracas de lona, alinhadas em duas filas, uma de frente para a outra. As barracas eram pequenas, para duas pessoas e foi feito tudo de forma organizada, até torre de observação fizeram, uma para cada turma e os vigias se revezavam nas torres por vinte e quatro horas.

Tonhola ficou na barraca com um menino de nome Geraldo, uns três anos mais velho que ele, o que naquela idade, fazia muita diferença. Geraldo acabou sendo uma das atrações do acampamento.

O local escolhido era próximo a um ribeirão, que numa curva tinha um poço fundo e nele todos se divertiram. Depois do poço tinha uma queda d'água pequena, cujo barulho das águas dava para se ouvir das barracas. Bem, quase todos se divertirão no ribeirão.

De ruim no acampamento foi a comida. Arrumaram um cozinheiro que era triste. A comida era muito salgada e quase sempre servida antes de ficar totalmente pronta.

Às noites, era feita uma fogueira, as turmas eram reunidas e era formado em sua volta o "círculo do conselho". Ali os meninos recebiam instruções, broncas, tarefas e alguns dos meninos apresentavam suas habilidades e também faziam suas queixas. Foi numa dessas apresentações que Tonhola e os demais se surpreenderam com seu colega de barraca, o Geraldo, que apresentou um número circence de um engulidor de fogo e foi muito aplaudido. Ele conseguia encher a boca com álcool e com uma tocha de fogo nas mãos cuspia o álcool sobre a tocha, num perigoso e surpreendente espetáculo. No final deu tudo certo.

Foram muitas apresentações, muitos causos, a maioria de monstros e assombrações. Numa dessas noites o cozinheiro inventou de pegar um lençol, se cobrir com ele, acender uma lanterna embaixo do queixo e aparecer do nada na escuridão assustando a todos.

Durante o dia eram várias as tarefas e brincadeiras que tomavam o tempo da meninada. Essas tarefas iam somando pontos e no final do acampamento, uma das turmas sairia vencedora. A brincadeira mais valiosa era a caça ao tesouro. Os monitores, cada um de sua turma, saiam pela mata próxima ao acampamento amarrando o mesmo número de fitas para serem encontradas pelos meninos da outra turma e vice-versa; os da cor azul procuravam as fitas da cor laranja e os da cor laranja procuravam as fitas de cor azul, quem encontrasse primeiro todas as fitas ganhava a prova. No desenrolar da brincadeira encontraram um tamanduá bandeira e longe dos monitores, deram um jeito de matar o bicho. Uma lástima. Arrastaram o animal para o acampamento e o cozinheiro todo cheio de si, disse que podiam deixar que ele sabia preparar. Naquela noite, jantaram o tamanduá. Tonhola pegou só um pedacinho da carne para experimentar, já conhecedor do delicado estômago que tinha. Ele se animou só de curioso, para conhecer a iguaria, afinal, se estavam todos comendo ele também podia. A carne se desmanchava na boca como se fosse algodão doce. Bah! Não deu para comer.

Aquele feito antecipou o final do acampamento. O fazendeiro, ao saber do tamanduá, ficou uma arara, deu uma tremenda bronca no chefe dos escoteiros e deu ordens para desmontar o acampamento.

sábado, 5 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Jatobá

Caros leitores, pois é, não demorou muito e depois das bolachas Maria e do suco de uva veio o tal do jatobá.

Só quem conhece para saber o quão forte e enjoativo é o gosto dessa fruta.

Jatobá é um fruto de uma árvore com o mesmo nome, que é madeira de lei com muitas aplicações, inclusive medicinais. É uma árvore grande quando adulta, das maiores. Na época certa do ano o pé fica todo carregado de frutos que têm o formato de um feijão, só que grande, enche a mão de um adulto. O fruto tem a casca grossa e muito dura amarronzada e em seu conteúdo três sementes envoltas numa massa comestível, com um cheiro muito forte, cor verde amarelada e com um pó grudento que suja a boca.

E não é que aconteceu de novo. Tonhola não conhecia o fruto, perambulando com alguns colegas pelas beiradas da cidade, pararam sob a sombra de uma árvore onde uma meninada fazia a festa. Era um pé de jatobá e o chão estava forrado de frutos. Viu alguns garotos com a cara lambuzada de amarelo e achou que aquilo devia ser bom. Pegou um fruto e saboreou, não era tão ruim, mas achou muito forte, pegou outro e não conseguiu mais comer, se lascou de novo. Aquele gosto não saia de sua boca por nada. Muito tempo ficou se lembrando daquele gosto e daquele cheiro forte que seu estômago nunca mais aceitaria.

As Travessuras de Tonhola - Suco de Uva

Concentrado de suco de fruta em garrafas era novidade na praça. Os mercados estavam começando a vender o produto e todos queriam conhecer.

Dona Rica ganhou do filho dois frascos, um de uva e outro de caju. O primeiro foi o de caju, que foi feito ainda na presença do filho que também o saboreou. O de uva foi guardado para outra ocasião.

A curiosidade do menino não aguentou esperar essa ocasião chegar. Enquanto sua avó se acabava, concentrada na máquina de costura no quarto, ele pegou o frasco e preparou um copo duplo de suco do seu jeito. O concentrado que vinha no frasco dava para um tanto muito maior de água do que ele colocou no copo, mesmo assim, ele fez o suco e o tomou forte pra caramba, caprichou no açúcar achando que resolveria o gosto ruim.

Primeiro foram as bolachas Maria, agora o suco de uva. Qual seria o próximo alimento a revirar o atrevido estômago do atentado neto?

Depois daquela façanha o menino passou muitos anos sem nem poder ver um suco de uva pela frente que já tinha ânsia. Também! Não podia ter esperado um pouco, ou ter pedido à avó para preparar o suco. Muito mais tarde é que ele foi entender a máxima do apressado come cru. Se lascou.

quinta-feira, 3 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Futebol na Roça

Todos sabiam que Tonhola era um verdadeiro perna de pau em matéria de futebol, mas, fazia parte da turma e por isso não era deixado de lado. Sempre que podiam eles o chamavam, mesmo sabendo que no futebol ele só atrapalhava, mas era boa praça.

Marcaram um jogo de futebol numa fazenda próxima. Organizaram as equipes em duas modalidades, adulto e juvenil. Foram de caminhão, tipo pau de arara, naquele tempo era permitido. O caminhão já era preparado para aquele tipo de transporte e para acomodar os jogadores, eram colocadas tábuas de madeira grossas apoiadas nas grades da carroceria, de modo que dava para todos irem sentados. O organizador, antes de sair avisou, não coloquem as pernas embaixo da tábua da frente, porque se ela se quebrar vocês podem se machucar. E assim foram sem problemas. Lá chegando, o campo ficava ao lado de uma venda, numa bifurcação da estrada e já tinha muita gente aguardando o jogo começar. Não eram somente torcedores do local, o jogo tinha sido muito divulgado no rádio durante a semana, informando o evento e convocando os atletas, por isso tinha também muita gente da cidade. O time local já estava uniformizado batendo bola. Perguntaram onde estava o time juvenil e apontaram para os rapazes batendo bola no capim que eles chamavam de gramado dizendo que eram aqueles lá mesmos, todos uns marmanjos.

Foi o prazo dos meninos se trocarem embaixo de uma árvore e teve início o primeiro jogo do juvenil. Tonhola, é claro, ficou no banco de reservas. O jogo foi uma loucura, no time deles, todos corriam ao mesmo tempo atrás da bola e era chutão pra tudo quanto era lado, pra onde o nariz apontava. Tinha gente até descalço, a maioria estava de kichute e alguns tinham chuteiras com cravos e pregos à mostra. O juiz fora escolhido pelo time local, é claro, mas não teve como interferir no resultado, dada a qualidade dos elencos. O resultado final foi um zero a zero muito bem disputado. Ah! E todos os meninos que foram da cidade participaram, inclusive o Tonhola que entrou no final do jogo e ainda teve temo de dar dois balões, para não fugir à regra.

Antes do final do primeiro jogo, os dois times adultos já estavam preparados à beira do campo pressionando o juiz para dar cabo daquele lastimável espetáculo. Feito isso, imediatamente os times se postaram e teve início o jogo principal.

Ia me esquecendo de um detalhe: o perfil do campo de futebol não era totalmente um plano em linha reta, ficava num terreno inclinado de modo que um dos goleiros só enxergava a metade do outro, dada a topografia irregular.

O jogo foi muito disputado a cada jogada, as bolas divididas eram sempre de forma ríspida e o vigor dos atletas exigiu muito pulso do juiz. Para esse jogo o juiz também fora contratado pela equipe local, só que para valorizar o espetáculo o juiz era do quadro de árbitros da cidade e fora de uniforme e tudo. Até que também não interferiu no resultado. No final do primeiro tempo teve um quiprocó danado no meio do campo depois de uma jogada dura e desleal por parte de um jogador do time local que arrancou sangue na perna do camisa dez visitante, o craque do time. No ato, um dos zagueiros e líder organizador dos visitantes, foi tirar satisfações do agressor e empurra daqui e cospe dali e a torcida inflamada gritava lá de fora: - dá no olho! – quebra a perna dele! Teve gente da torcida entrando em campo para brigar. Para dar fim na confusão o juiz expulsou um de cada lado e finalizou o primeiro tempo ainda faltando alguns minutos e com o jogo sem a abertura do placar.

No intervalo ficava cada time de um lado para acalmar os ânimos, o time local em volta da venda e o time visitante do outro lado embaixo de um jatobá onde estacionaram o caminhão.

Passados os quinze minutos regulamentares do intervalo, o juiz foi ao meio de campo com os bandeirinhas, esses sim, eram gente do local, e apitou chamando os times para o reinício do jogo. Demoraram mais uns dez minutos para se instalarem. Iniciado o jogo, a disputa seguia igual ao primeiro tempo, muito dura. Num lance de sorte, após uma cobrança de escanteio, a bola sobrou quicando naquele capim irregular e o volante do time visitante acertou um petardo da intermediária e a bola saiu baixa e forte, passou por aquele bolorô de jogadores dentro da área que atrapalharam a visão do goleiro e foi morrer lá no canto da rede, para irritação total da torcida e do time local. Um a zero para os visitantes. Depois disso é que o jogo ficou duro mesmo. O time local buscava o empate a todo o custo, mas não tinha futebol para tal e quanto mais o tempo passava, mais eles apavoravam e mais balões davam. Alguns minutos aguentando a pressão, a bola foi ao mato e voltou furada. Naquela época a bola era de capotão, ou seja, de couro, com trinta e dois gomos costurados à mão com uma câmara de ar em seu interior. Apareceram com outra bola que estava no porta malas de um carro, era a última bola de reserva que tinham. Faltavam uns vinte minutos para o final da partida e o resultado seguia a favor dos visitantes quando o goleiro chamou os meninos que estavam por ali assistindo e, sem deixar que alguém da torcida percebesse, falou baixinho ao Tonhola: - procure um prego ou pedaço de arame. Os meninos passaram a procurar disfarçadamente e encontraram um daqueles pregos de cerca em "u" enferrujado e entregaram ao goleiro. Quando a bola foi lançada num mandiocal que ficava atrás do gol, o goleiro visitante saiu correndo buscar e voltou com ela furada. Chamou o juiz e disse que a bola tinha furado. Não tinha mais bola. O juiz teve que encerrar o jogo e o time visitante venceu por um a zero. Foi uma confusão dos diabos.

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quarta-feira, 2 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Lata à Vista

Lata à vista!
Gritava um dos meninos e todos saiam em disparada para ver quem chutava a lata primeiro. Que bestagem.
É que na época, as famílias juntavam seus lixos domésticos em latas metálicas, dessas de dezoito litros, que vêm com querozene ou tintas e que também eram vendidas novas nas mercearias. Os lixos eram dispostos nas latas sobre as calçadas e o caminhão basculante, na época não havia caminhão próprio coletor de lixo, passava com o pessoal fazendo a coleta. Os lixos eram despejados na caçamba do caminhão e as latas devolvidas vazias para serem recolhidas pelos moradores. Algumas dessas latas eram esquecidas vazias nas ruas pelas famílias e viravam alvo da brincadeira sem graça da molecada que as chutavam de noite.

terça-feira, 1 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Dá o Relógio

Joacir, como era dos mais velhos e já ganhava seu dinheiro trabalhando, tinha como frequentar a zona e se dar bem. Só que nem sempre isso acontecia.

Antes de levar os meninos para se iniciarem na diversão, ele passou por um tremendo susto e quis partilhar com os amigos, já os preparando para quando fossem enfrentar tais paradas.

Eis o caso: as damas do meretrício por vezes mudavam de cidade em busca de melhorar a clientela, numa dessas mudanças, veio para a cidade uma paraibana morena, muito grande e forte, uma tentação que fez fama, foi ali que Joacir se estrepou, se achando muito esperto, ele foi num dia de semana, bem cedo, pouco depois do anoitecer e disse que queria ficar com ela, vamos fazer um neném? acertaram o preço e foram, alguns minutos mais tarde, depois do ato consumado, o esperto já de roupa vestida disse que só tinha tanto, um pouco menos que o combinado, a morena numa rapidez masculina, meteu a mão no relógio de pulso que Joacir tinha no braço e sem pestanejar, com aquela voz de mulher macho Paraíba sim senhor – então o relógio fica! Ainda bem que ele só estava brincando, pagou o combinado e garantiu o relógio oriente que nem tinha acabado de pagar as prestações.

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