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terça-feira, 18 de julho de 2017

As Travessuras de Tonhola - Tudo culpa do Dirão

Dirão era um homem forte, alto, não muito gordo, tinha seu enorme peso muito bem distribuído em seu corpo. Era um amigo antigo da família e em especial de Dona Rica a quem ele muito admirava e respeitava. Rara era a semana que ele não passava na casa de Dona Rica, nem que fosse só para lhe pedir a bênção.
Dirão era um homem de meia idade, desquitado e que morava num conjunto habitacional. Um dos primeiros construídos na cidade, numa casinha simples, pequena, mas aconchegante. Moravam ele e sua velha mãe viúva. Vitima de um casamento infeliz, que pouco durou, ele não chegou a ter filhos, depois, desgostoso, não quis mais saber de se casar e levava a vida do trabalho para casa e da casa para o trabalho em sua velha bicicleta.
Ele era vendedor numa tradicional loja de utensílios domésticos no centro da cidade.
Solteiro e desiludido, Dirão gostava de tomar umas cangibrinas para suportar as "agruras da vida", como dizia ele.
Dona Rica sabia que ele bebia, pois era denunciado pelo cheiro. Só que, como lhe parecia pouco, ela não dava muita importância, mesmo assim o aconselhava a não seguir aquele caminho, para ela a bebida era um caminho sem volta. Tristes exemplos lhe vinham na mente do passado recente que vivera.
A coisa aos poucos foi piorando.
Dirão estava ficando cada vez mais ébrio. Chegava todo falante e animado puxando prosa, Dona Rica lhe enfiava goela abaixo um café amargo e o mandava direto para casa. Ele obedecia e ia cambaleando em sua bicicleta rua afora observado até sumir da vista da boa senhora.
Um dia Tonhola estava em casa se divertindo com o final da sessão da tarde vendo televisão quando chegou o Dirão. Chegou daquele jeito, o homem estava bebaço. Conhecido da casa, foi logo entrando e perguntando por Dona Rica. Ela não estava, tinha dado um pulo na casa de uma vizinha. Ele resolveu esperar por ela e entrou, ao se sentar no sofá, com aquele delicado peso de três dígitos, que ele, no estado em que estava, não conseguiu segurar e se soltou de uma só vez, lascou com o sofá individual de Dona Rica. Por pouco não se machuca. Naquele exato momento Tonhola ouviu o ranger do portão de ferro e deu um salto em direção à avó que voltava e foi logo dizendo:
- a culpa é do Dirão.