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domingo, 7 de junho de 2020

Poemas perdidos

Alguns poemas se perdem
eles brotam fora de hora.
Um bom tempo depois
podem voltar nos sonhos.

Guinada

Foi bom saber
que aquele moço engomadinho
que influencia milhões
deu uma guinada na vida.

Na entrevista
o engomadinho não se posicionou
nem para o lado do que foi pra Paris,
nem daquele que prega o Estado mínimo,
preferiu o conforto e o equilíbrio do muro.

Já imaginou um país como o nosso sem o Estado?
Quem iria tomar conta de nossas águas limpas e sujas,
de nossas fontes de energia,
de nosso imenso e rico subsolo,
do pulmão do mundo?
Quem iria zelar pela ciência, educação,
saúde e segurança de todos
e não somente dos que podem pagar?

Enquanto a direita pune,
apedreja, massacra, estraga,
pra conservar o seu mundo como está,
a esquerda vibra, canta, planta,
pulsa, pula, diverte,
faz arte, faz canções,
produz, faz girar o mundo
e luta para transformá-lo num lugar melhor para todos.

Enquanto a direita se veste de verde e amarelo da boca pra fora
a esquerda vibra e chega a chorar quando ouve o hino nacional.

Enquanto a direita desdenha e menospreza a ciência e a morte
a esquerda respeita e acredita e tem fé na vida
enquanto houver um fio de esperança,
o última que morre.

Enquanto a esquerda não enxerga fronteiras,
pois somos todos países irmãos,
a direita prega nosso país acima de tudo,
venera a bandeira de outro país
e ainda usa o nome d'Ele em vão... acima de todos.

Falsos profetas usam a religião,
abusam da fé do homem,
vendem feijões e lenços ungidos,
mentem e prometem milagres
que não conseguirão cumprir,
em busca de riqueza e poder.
A fé do homem exige respeito.

As igrejas precisam rever seus conceitos.

Vi belas igrejas cercadas por grades
para protegê-la do homem,
o mesmo homem que ela deveria sim:
proteger e apoiar.

"A economia não pode parar", dizem.
O mercado é um monstro.
Ele cria monstros
que vomitam frases assim
e as priorizam
acima da saúde e da vida.

O monstro os alimentou
com uma educação de merda
e os soltaram para a vida
sem saber quem foi Getúlio,
quem dirá Brizola;
sem saber quem foi Noel,
quem dirá Taiguara.

Sabemos que são minoria,
mas não podem ser desprezados,
precisamos enfrentá-los
com a força da palavra
e a voz da razão,
antes que o estrago aumente.

Hoje eles nos desrespeitam nas redes,
amanhã será nas ruas
e depois em nossas casas.

A direita fala em armas,
a esquerda em amor e livros.

Apesar de tudo isso:
precisamos conviver com eles.
Por mais duro que seja,
alguns são parte de nós:
são vizinhos antigos,
colegas de trabalho,
amigos de infância,
irmãos, tios e primos.

Com opiniões diferentes,
mas juntos em comunhão:
Democracia!

A política está em nós
não existe velha ou nova,
existe: a política.
Nela, ninguém faz nada sozinho,
não existem mitos
nem salvadores da pátria.

Ninguém nasce racista
ninguém nasce homofóbico,
ninguém nasce xenofóbico,
ninguém nasce com ódio,
ninguém nasce com nojo.
O mal está no homem.
O mal é coisa do homem.

Nenhum grupo pode ser considerado
menor que o outro.
Somos todos iguais.

Precisamos educar nossas crianças.
Falar com elas.
Nós que as formamos.
Crianças em isolamento
são incompreendidas.
A dor reprimida cria monstros ferozes.

Negros, ricos, pobres, índios, gays,
nordestinos e todas as minorias
precisam ser respeitadas.
"Bicha também é gente".
Li isso num viaduto
a primeira vez que tive em São Paulo
no início dos anos oitenta.

Respeito.

A igualdade de gênero,
que apavora as gerações
não tem nada de pavor:
É só aceitar que homens e mulheres
devem ter os mesmos direitos e deveres.
A igualdade entre os sexos é um direito humano,
a igualdade entre os gêneros também,
com todas as suas variações.

Foi preciso uma pandemia com essas proporções
para muitos entenderem e aceitarem
a importância do nosso Sistema Único de Saúde.
Infelizmente, muitos ainda sentirão o peso da dor da perda.
A ciência dará o seu recado e trará o elixir.
Depois... o mundo será outro.