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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Projeto, Controle, Regulagem e o Potência

sábado, 14 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - Com pé de cachorro não entra

Com pé de cachorro não entra, dizia o padre diretor da escola bem cedinho no portão de entrada.
Era muito rigor e ai daquele, ou melhor daquela, que não obedecesse.
O padre era um americano, seu nome denunciava isso, diziam que ele estudara eletrônica, fumava feito um caipora, era um cigarro no toco do outro. Todos os dias ele de batina preta, surrada e geralmente com os bolsos sujos de pó de giz, se postava de braços cruzados na escadaria da escola esperando a chegada dos alunos.
O colégio em seu início era internato somente para meninos, com o passar dos anos deixou de ser internato e passou a aceitar também meninas. O rigor de antes, muito moderadamente foi se adaptando aos novos tempos.
Só que, de pé de cachorro, nem pensar, não entrava mesmo, aquilo era uma verdadeira ofensa aos bons costumes

quinta-feira, 12 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - O cheiro do café torrado

Alguns cheiros percebidos na infância nos marcam por toda a vida.
O cheiro do café torrado que vinha da casa ao lado da mercearia do seu Izac era único. E olha que a distância era grande, tipo assim uns quatro lotes, até chegar à varanda da casa de Dona Rica na parte alta do terreno, levado pelos ventos de agosto.
A mercearia do seu Izac é aquela do balcão com o vidro quebrado que vimos num episódio anterior, o das balas delícia.
Nessa casa naquele tempo morava uma família que tinha quatro crianças, o pai, que era motorista e a mãe do lar que era a artista da torrefação. Tonhola foi amigo das quatro crianças, três meninos e uma menina, até que cresceram e foram separados pela vida.
Tonhola nunca foi de tomar muito café, mas sempre adorou o cheiro.
Só que, cheiro de café torrado igual àquele, nunca mais.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

As Travessuras de Tonhola - Pedras na cruz

Dona Rica, muito católica, ia à missa rotineiramente. Nem sempre ela levava o neto Tonhola. Quando ela sentia que precisava se concentrar melhor e se dedicar mais ao ato religioso ela preferia ir sozinha para não ser atrapalhada. O neto era muito inquieto, não se concentrava na missa, quando ia ficava sentado ao lado dela porque a avó o exigia, mas com a mente vagando sabe-se lá onde.
Na escadaria frontal da igreja uma imponente cruz de madeira se destacava. Essa cruz era tomada por lâmpadas incandescentes, uma ao lado da outra.
O padre da igreja vivia trocando as lâmpadas, não porque queimavam com o uso, o motivo principal era o vandalismo praticado pelos meninos.
Ficaram marcados os meninos que atiraram pedras na cruz.
Tonhola jura até hoje que não foi um deles.

sábado, 30 de junho de 2018

As Travessuras de Tonhola - Cristaleira Quebrada

Dona Rica tinha uma cristaleira da qual muito se orgulhava. Guardava nela com muito carinho, presentes que ganhara ainda no casamento. Zelava deles com muito carinho. Quando pegava pra limpar a cristaleira, geralmente uma vez por mês, passava horas na empreitada. Tirava todas as peças e uma por uma limpava com todo cuidado e com muita calma as colocava de volta em seu devido lugar.
Tonhola nunca esqueceu uma cegonha de vidro que carregava um cesto com o bico.
Um dia pela manhã, Tonhola se desentendeu com o primo, descuidou-se e recebeu um empurrão forte o bastante que o arremessou direto contra a cristaleira. Pegou de jeito na lateral de vidro da cristaleira.
Foi um deus nos acuda.
A cristaleira teve sua lateral estilhaçada, algumas peças foram para o beleléu. Tonhola com o impacto, teve um corte profundo nas costas, que lhe deixou marcas pouco acima da cintura.
A cegonha ficou intacta.

As Travessuras de Tonhola - Professor de Xadrez

O tabuleiro é esse, tal um tabuleiro de damas.
Essas são as pedras: os peões que ficam dispostos na fileira da frente; as torres nas duas extremidades, ao lado delas para o centro ficam os dois bispos, um de cada lado e os cavalos, também um de cada lado, seguidos do rei e da rainha, o rei à direita e a rainha à esquerda; os bispos sempre em frente e somente comem as pedras adversárias na diagonal; as torres somente na vertical e na horizontal; o bispo sempre na diagonal; já o cavalo, o único que pode saltar, sempre com o movimento em éle, três casas pra frente e uma para o lado; a rainha é livre, tanto mexe na diagonal como na vertical ou horizontal, em todas as posições e em qualquer número de casas livres; o rei também se mexe em qualquer posição só que em uma casa de cada vez.
Pronto entendido, conhecidas as peças, as posições e os movimentos, vamos ao jogo.
Na primeira partida, Tonhola venceu o professor.

As Travessuras de Tonhola - Pinga no Coco

Naquele tempo tinha uma escola estadual do outro lado da rua naquela esquina, bem em frente tinha um boteco de apenas uma porta de ferro de enrolar que ficava aberto até a madrugada.
Tonhola acompanhava dois amigos sendo que um deles dirigia um chevrolet opala do pai. Ele ia no banco de trás, sentado bem no meio, atento ao volante guiado pelo amigo, sabe-se lá!
Depois de muito vadiar pela noite afora, pararam naquele boteco, que apesar do pouco movimento, ainda se encontrava aberto.
Um baixinho que devia ser o dono do boteco, ofereceu-lhes uma pinga no coco, segundo suas palavras, muito afamada, muito bem curtida, que chegara àquele ponto seguindo todos os critérios de preparação.
Pra quê? Os meninos entraram na danada da pinga curtida e muito saborosa, levemente suave, que não descia queimando.
Foi o primeiro pileque do menino Tonhola, sim porque os três já haviam tomado algumas cervejas ao longo da noite e a mistura deu merda.
O mundo girou a seus pés.
O estômago lhe revirou até pela manhã. Caraca. Lhe fora muito ruim aquela primeira experiência etílica.
Que interessava se o coco havia sido enterrado por tantos dias curtindo a pinga?
Pinga no coco: nunca mais!

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Projeto, Controle, Regulagem e Potência

O Projeto, o Controle e o Regulagem eram três amigos e conheceram o Potência.

O Projeto começou a trabalhar como desenhista num escritório de engenharia e passava o dia debruçado numa prancheta detalhando desenhos de arquitetura em papel manteiga e papel vegetal com o auxílio de uma régua "T". Por sua dedicação e empenho fez fama cedo como bom desenhista de projetos. Pouco tempo depois, assim que concluiu o serviço militar obrigatório, veio a falecer num acidente de moto.

O Controle foi um exímio tratorista. Por muitos anos ele arou chão pelas fazendas da região, até que um dia, jovem ainda, sofreu um acidente vascular cerebral que lhe deixou sequelas e hoje arrasta uma das pernas. Vive do benefício que recebe da previdência por sua parcial invalidez e dos bicos que consegue fazer como jardineiro, profissão que veio a aprender depois.

Já o Regulagem, foi colocado por seus familiares, ainda em menino, numa oficina de retífica de motores, a título de favor e sem remuneração por um ano, até aprender a profissão e assim deixar as agruras que as ruas ofereciam para os meninos daquela idade. Tornou-se um bom mecânico e trabalhou por alguns anos até que um belo dia avisou que ia visitar uns parentes de longe, na divisa com a Bolívia e nunca mais deu notícias.

Em breve o Potência entra.