Próximo ao campinho de terra batida onde os meninos jogavam futebol, tinha uma chácara com muitas árvores frutíferas e um bambuzal enorme. O dono era conhecido por Zé da Horta. A meninada não sabia o porquê daquele nome porque na chácara não tinha sinal nenhum de horta. Só as árvores e um quintal muito sujo e mal cuidado.
Só que as mangas eram uma tentação.
Na época das frutas, elas de longe se destacavam e eram frequentes os ataques da molecada em busca dos deliciosos frutos.
Só que os ataques eram tantos que o senhor Zé da Horta, que morava sozinho, resolveu se prevenir e adquiriu uma espingarda de chumbinho. Em sua intenção, parece, ele queria somente assustar a molecada, a fama da espingarda se espalharia e os furtos diminuiriam, o que realmente aconteceu.
Mesmo com a ameaça da espingarda, alguns dos meninos continuaram se arriscando. Numa dessas aventuras, Tonhola se meteu a acompanhar os colegas. Entraram por um buraco na cerca de tela, já em péssimas condições e praticamente toda tomada por um pé de bucha. Foram sorrateiramente para para a parte mais baixa da chácara, onde ficavam os pés mais saborosos. De passagem, pelos fundos do casarão muito alto e antigo, ficava uma garagem onde se escondia um carro camuflado por uma lona suja e velha. Tonhola ficou maravilhado ao ver aquele carro antigo. O carro era único, não havia outro daquele tipo na cidade. Era de cor bege e estava muito bem conservado, só dava para ver uma parte dianteira do carro e o pneu com aquela tarja branca limpinha. Lindo. Um contraste tremendo com a sujeira do quintal e o terrível estado de conservação da construção.
Tonhola nem se preocupou mais com as mangas, a espingarda e nem com a possibilidade da chegada do Zé da Horta, que não estava em casa naquela tarde. O medo do risco que corriam desapareceu quando ele viu aquela maravilha mecânica.
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