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domingo, 27 de março de 2016

As Travessuras de Tonhola - Susto no Ribeirão

No acampamento daquele episódio anterior, teve uma passagem que marcaria para sempre a vida de Tonhola.

Foi o susto no ribeirão.

O poço que se formava na curva depois da queda d'água onde a molecada se divertia nadando, não era muito grande, mas tinha profundidade o bastante para encobrir um adulto.

A moçada do acampamento se divertia no poço todos os dias no final da tarde, depois de concluídas as tarefas do dia. Os que sabiam nadar, aproveitavam, os que não sabiam, aproveitavam também, a seu modo, se divertindo na parte rasa do poço. Só que menino dessa idade, já viu, cada um quer ser mais que o outro, brincadeira que acabou dando no susto que o nosso herói se tornou vítima: um dizia ao outro, você não tem coragem, eu tenho, você não vai, eu vou, e um ia, e outro ia, e outro não ia e chegou a vez de Tonhola e ele não foi, passou a vez de todos e de novo ele não foi, não tinha coragem de atravessar o ribeirão como a maioria fazia; um dos monitores da turma contrária à de Tonhola, ao saber que ele foi o único a não atravessar o poço, avisou aos colegas que insistissem para ele ir, que assim que ele entrasse no poço tentando atravessá-lo ele próprio ia num mergulho mais profundo dar aquela ajudazinha; insistiram tanto, que Tonhola se encheu de coragem e resolveu atravessar o poço a nado; toda a parte mais profunda do poço dava em torno de umas dez braçadas a travessia, muito para quem não sabia nadar, mesmo assim, cheio de coragem ele se atirou na água e foi rumo à outra margem; quando estava quase no meio do poço, o monitor, que era um bom nadador, mergulhou e foi no sentido transversal de encontro ao assustado Tonhola, que mesmo em sua concentração total no tremendo esforço para efetuar as desajeitadas braçadas, percebeu quando alguém se atirou nágua, justo naquele sacrificante momento, o que é claro, só aumentou o seu desespero; o menino entrou em pânico antes do monitor alcançá-lo para a triste brincadeira, parou com as braçadas e tentou buscar o fundo do poço e nada de fundo alcançou, bebeu água; os meninos que acompanhavam a aventura do lado de fora, como uma brincadeira, se assustaram, alguns entraram na água para ajudar ao perceberem que o negócio estava ficando sério e que o menino estava mesmo era se afogando e dando braçadas e coices e bebendo água naqueles segundos de pavor; o monitor alcançou a perna de Tonhola, não para assustá-lo como era sua intenção inicial e sim para salvá-lo; tentou puxá-lo sem sucesso, o susto foi grande e não era mais só do afogado, todos ficaram muito assustados; quando o monitor percebeu que aquilo não era mais uma brincadeira e que o menino estava mesmo se afogando, deu um jeito de arrastá-lo para fora d'água com a ajuda dos colegas que entraram no poço, os demais assistiram a tudo do lado de fora e ficaram muito sem graça com o que tinham feito. Tonhola saiu branco da água, chorando apavorado e quando deu por si ainda chorando, gritou aos berros xingando todos. Passado o susto, depois do menino restabelecido, caíram na gargalhada. Ufa! Aliviante!

Aquele susto marcou Tonhola para o resto da vida. Ele não mais aprendeu a nadar.

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