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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

As Travessuras de Tonhola - Bem Feito

Naquela época o país recebera um grande número de imigrantes e em toda a região e não só a cidade de Tonhola, recebera muitas famílias vindas de longe, principalmente do oriente. A primeira atividade que praticavam era a de comerciantes, qualidades nas quais eram muito hábeis. Eram mascates, vendedores ambulantes que saiam pelas casas e fazendas oferecendo seus produtos e que também montavam seus comércios esparramados por toda a cidade. Só próximo à casa de Tonhola, três vendas novas foram abertas. Eram e são até hoje erroneamente chamados de turcos, sendo que na realidade, em sua maioria, são sírio libaneses.

Numa dessas vendas, a maior e mais próxima à casa de Dona Rica era mais um mercadinho, pois vendia de tudo um pouco. A loja era grande, tinha um balcão com tampo de madeira comprido, muito bem envernizado, disposto de forma a separar os clientes dos produtos que ficavam em prateleiras atrás, distribuídas de forma que pudessem ser vistas aos olhos de todos. Um produto de nome mais complicado, era só apontar com o dedo e o Seu Isaac buscava fácil. O balcão tinha duas prateleiras e a frente era de vidro liso para destacar os produtos. No início do balcão ficavam as guloseimas que faziam os olhinhos das crianças brilharem. O doce sírio era o ó.

Certo dia, ao receber algumas caixas de madeira com mercadorias, um entregador mais descuidado, deixou uma das caixas bater no vidro do balcão que quebrou um pedaço, mas não chegou a estilhaçar o vidro todo, ficou um buraco grande o bastante para caber uma mãozinha mais atrevida. Seu Isaac ficou bravo, mas achou o buraco pequeno e se acostumou a ele, não trocou o vidro.

Um dia, Geraldo, um dos garotos amigos de Tonhola, foi no boteco fazer algumas compras para a mãe e notou que na prateleira do balcão, no rumo do buraco do vidro, colocaram umas balas brancas com umas listinhas azuis e vermelhas embaladas em plástico transparente. Uma tentação de leite de coco e açúcar refinado, seu nome: "bala delícia".

No outro dia Geraldo contou seus planos ao Tonhola, que ficou muito apreensivo afinal aquilo não era do seu feitio, mas a tentação das delícias o convenceu e topou participar do ardiloso plano.

Esperaram Seu Isaac ficar sozinho no boteco e foram os dois já preparados. Tonhola tremia. Geraldo, bem malandro entrou na frente, disse que queria comprar algum produto que ficava nos fundos e acompanhou o paciente do Seu Isaac para conferir. Enquanto isso Tonhola, que ficara na entrada da loja analisava o buraco no vidro. O plano era para, enquanto Geraldo desviava a atenção do Seu Isaac no fundo da loja, Tonhola enfiava a mão no buraco e enchia os bolsos de balas. Só que não foi bem assim. Tonhola se tremia todo e não teve coragem, mal tirou as mãos do tampo do balcão. Seu Isaac, muito cortês e prestativo, disse o preço da mercadoria que Geraldo queria, mas o dinheiro não dava, ele disse que voltaria depois para buscar. Tonhola, percebendo que a prosa havia terminado, saiu às pressas sem coragem de cumprir sua parte no plano.

Dobraram a esquina longe das vistas do Seu Isaac. Quando Geraldo percebeu que Tonhola tinha "quiabado", ficou muito bravo. Sobraram cascudos, empurrões e por muito pouco não bateu mais forte, disse que ele era um frouxa, um molenga e que daquele dia em diante não era para Tonhola nunca mais contar com ele para nada. Bem feito!

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