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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

As Travessuras de Tonhola - Bola de Vôlei na Fornalha

Naquele tempo, vôlei era jogo só para as meninas.

Uma vizinha de Dona Rica tinha um casal de filhos, o menino, um pouco mais velho que o Tonhola e a menina, alguns anos mais nova.

Um dia um tio deles que morava numa cidade longe, trouxe de presente para a menina uma bola de vôlei. Para todos os meninos uma grande novidade, pois só conheciam bolas de futebol, de capotão e pesadas.

A menina saia com a bola na rua somente para mostrar para as colegas, não deixava ninguém brincar com a bola para não sujar nem estragar. Era uma bola branquinha, muito leve e delicada com os gomos retangulares, diferentes do formato das bolas de futebol dos meninos que tinha gomos de cinco lados.

Num belo domingo a menina fora à missa com os pais e o irmão ficou dormindo até mais tarde. Acordou, pegou a bola da irmã e gritou da rua para o Tonhola ir brincar com ele, num instante já eram meia dúzia de meninos a chutar a bola nova, branca e leve.

Do outro lado da rua morava uma senhora solteirona, já idosa também, mas muito fechada, turrona, tachada de doida pela molecada, ninguém sabia muito sobre a vida dela e a casa era a coisa mais estranha, a porta da frente ela nunca abria. Do lado direito pela entrada havia uma parreira de uvas num vigamento de madeira e arames de modo que suas folhas formavam a cobertura de uma espécie de garagem. Nos fundos da casa havia uma fornalha, a maioria das casas tinha uma, que era usada principalmente para ferver roupas. Só aquela solteirona mesmo para ferver roupas num domingo pela manhã, se indignaram todos, depois do ocorrido.

Na rua os meninos brincando com a bola, no entusiasmo, justo o Tonhola, deu um chute mais forte e a bola subiu, passou por sobre a parreira de uvas e foi cair no quintal da solteirona. Quando ela viu a bola já saiu gritando com os capetas de meninos, correu esbravejando, pegou a bola e aos berros saiu lá fora dizendo que ela havia caído na fornalha sobre a brasa quente justo na hora que ela tinha tirado o tacho. Foi aí que os meninos perceberam que a bola não era de capotão como as de futebol e sim de um material sintético que imitava o couro, isso porque a bola havia se queimado toda de um a lado: adeus bola. Num instante a molecada deu no pé. O irmão ainda ficou lá, já com a bola murcha e semi queimada na mão, esbravejando que aquela velha doida tinha colocado a bola no fogo de propósito, só para acabar com a brincadeira deles; o que fazia sentido pelo histórico da velha, mas também, aquilo não ia dar em nada. O que importava mesmo é que a bola já era.

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