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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

As Travessuras de Tonhola - Máquina Fotográfica

O marido de Dona Rica deixou de lembrança uma máquina fotográfica que era uma verdadeira relíquia. Em vida ele zelava dela com todo capricho e deixou motivos de recordações daqueles bons momentos eternizados em muitas de suas revelações.

Vez ou outra Tonhola surpreendia a avó toda chororô com as fotos antigas esparramadas sobre a cama.

A máquina fotográfica era uma Kodak preta com uma capa de couro marrom muito bem feita, com uma correia também de couro para se dependurar no pescoço. Sim porque a máquina era de um plástico duro, pesada. O fotógrafo via a imagem a ser retratada por um orifício na parte superior, a máquina ficava firme, segura com as duas mãos, na altura do umbigo.

Dona Rica guardava a máquina sobre o guarda-roupa, um lugar bem alto, fora do alcance de certas pessoas. Ela cuidava da máquina com carinho e raramente era usada.

Num certo dia, ao fazer a limpeza ela retirou os objetos que guardava em cima do guarda-roupa; algumas caixas de sapatos cheias de bugingangas, envelopes pardos grossos com papéis antigos, e outros de menor importância. Limpou e tornou a colocá-los de volta ao lugar, inclusive a preciosa máquina. Só que ela ficava mais na beirada de modo que a máquina podia ser vista quando ela se deitava na cama. Na correria, não prestou a devida atenção e colocou parte da máquina apoiada também sobre a ponta superior da porta do guarda-roupa. Deu-se por satisfeita com a tarefa concluída, foi cuidar de outros afazeres e se desligou do assunto.

No outro dia, despachou o menino para a escola e passou a manhã tranquila. Sem visitas a importuná-la, cuidou da casa e das criações, fez o almoço e aguardou o neto que chegou esbaforido de fome como sempre. Ela adorava vê-lo assim. Rapidamente ele almoçou. Saiu da mesa já tirando a camisa do uniforme, os sapatos e meias ele foi deixando esparramados pelo caminho e por isso já ouvindo da avó o que não precisava. Deu de ombros e foi ao quarto de Dona Rica pegar uma camiseta mais fresca.

Procurou pelos cantos, sobre a cama e não viu nenhuma, ao abrir o guarda-roupa, justo naquela porta, a máquina fotográfica veio abaixo. Foi um barulhão e ela espatifou-se em dezenas de cacos de plástico duro e preto. A maioria dos pedaços da máquina ficou dentro da capa de couro que não estragou um nadinha, somente alguns cacos menores se espalharam pelo piso. O menino tomou o maior susto e a avó veio correndo também assustada com o barulho. Olhou a cena e quase teve um troço, colocou a mão no peito e sentou-se na cama para absorver melhor a situação enquanto o neto já se restabelecendo do susto juntava os cacos esparramados colocando todos juntos dentro da capa de couro. Nada podia ser feito. E pior, daquela vez, ele não fizera por maldade. O descuido fora dela mesma. Coitada. O finado marido, que Deus o tenha, deve ter se revirado no túmulo. Outra máquina daquelas, nunca mais.

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