Ficaram sabendo que numa casa vizinha, alguns moços iam ensaiar numa banda de rock.
Era a casa de um leiteiro e o filho dele era um dos integrantes da banda. O ensaio era numa espécie de garagem coberta que ficava separada da casa nos fundos do lote.
Com o assédio da meninada, os músicos acharam melhor fechar o portão alto do muro de frente para a rua para não serem perturbados.
Os meninos ficaram de fora, ouvindo o ensaio, a bateria era forte, corria solto o iê-iê- iê com as músicas das jovens tardes de sábado.
A novidade do som agradou e foi juntando gente.
Tocaram até o final da tarde, com longas interrupções entre uma música e outra, talvez engrenando os acordes dos instrumentos e também os mecanismos do equipamento de som que por várias vezes deu pipiripaco e interrompeu o ensaio.
Os meninos esperaram até o final do ensaio para conhecer os integrantes da banda, eles só conheciam o filho do leiteiro. Saíram do ensaio uns oito garotos, só um mais velho e o mais espetaculoso deles. O cara era muito magro e feio de dar dó, cabeludo e com umas costeletas enormes. Usava uma camisa rosa, larga, de manga e aberta no peito destacando os cordões de ouro sobre o peito cabeludo; usava uma calça branca apertadíssima, destacando os seus volumes; calçava uma bota preta de verniz com salto alto, solado em plataforma, com alguns ilhoses e outros detalhes em metal no bico e nas laterais.
O cara podia não tocar e nem cantar nada, mas que chamava a atenção chamava, ah isso sim, chamava.
Aquela foi a primeira banda de rock que Tonhola e os amigos ouviram. A princípio acharam um som muito doido. Era muita zoeira. Mas depois, gostaram: maneiro, muito do maneiro.
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