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sábado, 30 de abril de 2016

As Travessuras de Tonhola - Generoso

Generoso era um mulato magro de quase dois metros de altura, que chegou a treinar no mesmo time de futebol do nosso amigo Tonhola.

O treinador já vinha trabalhando os meninos há algum tempo e observando os atletas que tinha em mãos com algumas experiências, só que ninguém se firmava no centro do ataque até que surgiu o Generoso. Esse era o seu apelido.

Esguio, da pele bem morena e do cabelo liso que a princípio pareceu todo desengonçado, sem nenhuma habilidade no trato com a bola, mas que aos poucos foi se revelando um artilheiro nato. As bolas altas eram o seu forte, tinha um ótimo tempo de bola e apesar da altura, tinha também boa impulsão, o que era coisa rara para aquele biotipo excêntrico, mas que, por outro lado, lhe dava uma vantagem enorme contra seus marcadores. Tinha treino em que ele metia quatro, cinco gols de cabeça em poucos minutos. Com os treinos e as orientações que recebia ele foi aprendendo aproveitar melhor as suas vantagens físicas e também evitar seus piores defeitos e dificuldades, por isso, evitava tentar dominar a bola e procurava bater de primeira, do jeito que ela vinha ele batia, daí o faro de gol e com isso veio a fama. A rapidez do raciocínio não dava tempo aos defensores de se prepararem. Saia cada gol esquisito de canela que só vendo. Claro que nem sempre ele acertava o gol, na maioria das vezes a bola ia pro mato, bem longe. Com ele era nos extremos, fazia gols impossíveis de se fazer e errava gols impossíveis de se errar também.

Uma vez num jogo amistoso ele tentou um gol de quadril. Isso mesmo, a bola foi rebatida pela defesa e quicou muito próxima ao seu corpo, não tinha tempo nem espaço para se virar e arrematar, de dentro da pequena área a poucos metros do gol, com o goleiro já caído, num lance de puro reflexo ele deu uma rebolada e com o quadril bateu na bola que entraria no gol não fosse um zagueiro bem colocado que tirou a bola com um chutão em cima da linha. Aquela bola não entrou, mas a jogada ficou marcada por todos que a viram.

Generoso também era conhecido entre os zagueiros por ter as canelas duras, o que incomodava muito seus marcadores. Na época não tinha chuteira de plástico, macias como as de hoje. As chuteiras eram artesanais, com cravos de plástico duros o bastante para serem presos aos solados com pregos. Com o desgaste do plástico dos cravos, pelo uso nos campos de terra, os pregos ficavam à mostra arrebentando com as canelas dos atacantes. Esse era mais um dos motivos para ele se livrar rápido da bola e escapar da fúria dos marcadores.

Por outro lado, Tonhola, como já vimos, em matéria de futebol, era um verdadeiro cabeça-de-bagre. Os treinadores que passaram pela infeliz experiência de tê-lo como integrante de seus elencos, não perderam tempo em orientá-lo a melhorar o seu futebol para fazer as jogadas da maneira certa.

Já Generoso, não era um craque, mas tinha controle de suas limitações e sabia o que fazer e na hora certa. Um artilheiro que fez muitos gols e abusava de seu porte físico, por isso seguiu a carreira jogando futebol amador e fez história como exímio cabeceador e artilheiro dos gols impossíveis.

Já nosso amigo Tonhola...

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