Seguidores

Total de visualizações de página

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

As Travessuras de Tonhola - Bolachas Maria

Naquele dia Dona Rica não conseguira ninguém para ficar fazendo companhia ao neto. Ela não sabia ao certo quanto tempo iria demorar, pois o assunto que estava enrolando a tanto tempo, envolvia repartição pública. O certo é que ela não poderia mais deixar passar pois o tempo previsto, desde que ela recebera a notificação para comparecer com sua documentação na repartição, estava chegando ao fim e para o resto da semana ela tinha outros afazeres, portanto aquela era a data. Assim, sem poder levar o moleque e sem ter com quem deixar, chamou o neto antes de sair, que ainda meio dormindo, disse que tinha entendido e que ia ficar em casa sem aprontar, prometera. Depois de inúmeras recomendações ela foi cumprir seu dever cívico toda preocupada. Ela não gostava nenhum pouco de deixar o neto sozinho, era motivos demais para preocupação. Mas foi com sua sombrinha colorida e a bolsa de couro para momentos como esse, pois nela cabia todos os seus documentos e ainda alguns remédios que não ficava sem, desde que passou por maus bocados, mas isso é assunto para outro episódio que veremos mais adiante.

Estando sozinho em casa, o moleque mal esperou a avó sair e já se levantou imaginando o que ia fazer. Foi até o alpendre, mas o tempo estava fechado, com sinais de chuva e ele não teve ânimo para sair de casa, também não viu nenhum colega na rua para incentivá-lo, voltou, fechou a porta da sala, ligou a televisão e ficou por ali assistindo aos desenhos animados que passavam todos os dias na parte da manhã. Não comeu nada, nem sequer abriu a geladeira e nem tampouco foi ao banheiro fazer as necessidades de quando se levanta, abriu a porta da área e de frente para o quintal fez xixi na beira da calçada e voltou para a televisão. Logo a fome começou a apertar e nada de sinal da avó chegar. Ele não se aguentou e foi procurar o que comer. Viu sobre a prateleira da cozinha ao lado da geladeira uma lata de bolachas que sua avó comprara. Era uma lata de bolachas de maizena de um formato chato e quadrado e estava escrito Bolachas Maria. Era ali mesmo. O moleque subiu na mesa, pegou a lata e foi para a sala. Comeu quase a lata toda de bolachas enquanto assistia os desenhos e nada da avó voltar. Lá pela volta do dia, ele já não aguentava nem ver as bolachas. E para piorar as coisas sua avó demorou bem mais do que esperava e só foi chegar depois do horário previsto para o almoço. Chegou toda esbaforida e das mais preocupadas com o neto e também com a respiração curta por ter andado rápido sob o mormaço quente que não virou chuva. Ao ver o moleque até besta esparramado no sofá com bolachas por todo lado, levou um susto. Pegou a lata com o pouco que sobrou, tampou e guardou no lugar no alto da prateleira. Viu que Tonhola tinha comido quase tudo e que poderia passar mal. − Bem feito seu malandrinho, um pouco só que eu demorei e você não poderia ter me esperado, num minuto o almoço fica pronto, mas não, tinha que comer minhas bolachas todas da semana, agora não terá mais lanche. O menino nem ouvia o que a avó estava esbravejando, aliás, ele estava até com os olhos virados de tão cheio que ficara. Aquele gosto na boca o acompanharia por muitos anos. Bolachas Maria, nunca mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário