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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Trabalho Infantil

Meu pai foi sapateiro. Quando criança, depois de um período em que ele trabalhou numa fazenda no Ribeirão Arantes, mudamos para a cidade "para os meninos estudarem", até então éramos quatro filhos. Eu tinha cinco anos. Meu pai foi gerente de uma sapataria e selaria. Aos oito, passei a estudar de manhã e a tarde ia para o trabalho com o meu pai.
Ontem li uma reportagem sobre um torneio de tênis em São Paulo. Durante o torneio, um oficial de justiça levou um documento proibindo os garotos de apanharem bolas durante os jogos. Aquilo era exploração de trabalho infantil, está no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, previsto na Constituição Federal. Ao pé da lei, está certo.
No mundo todo assistimos garotos apanharem bolinhas de tênis e também de outros esportes.
Mas, pela lei, como separar a diversão do trabalho infantil.
Se eu fosse um daqueles garotos no torneio em São Paulo, teria ficado puto da vida. Será que aquele juiz que expediu aquele documento nunca foi criança? Não dormiu mal as noites anteriores com aquele friozinho na barriga na maior e também na melhor das expectativas louco para o início do evento esportivo, afinal, caraca, no meio de tantos garotos ele tinha sido um dos escolhidos para estar ali na frente da torcida, junto daqueles cobras do tênis só para apanhar as bolinhas, bem de pertinho, sentido e participando daquele clima e daqueles momentos inesquecíveis que só o esporte proporciona.
A reportagem não disse nada sobre as lágrimas dos meninos.
Faltou bom senso.

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