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terça-feira, 28 de abril de 2009

Ele foi lá e matou os dois mendigos

Um sujeito já com seus cinquenta e poucos anos, emprego fixo, vida razoavelmente resolvida, mora com sua família em Brasília.
Há alguns dias ele vem se incomodando com a presença de dois mendigos que passam a noite por ali nas proximidades de sua casa. Ele não gostou nada daquilo.
Uma noite ele pegou uma de suas armas, foi até lá e matou os dois. A polícia o prendeu e ele tranquilamente confirmou o ato justificando que ficara incomodado com a presença dos dois.
- Já pensou se a moda pega!
Por aqui, sempre quando vou para o trabalho a pé pela manhã, atravesso a Praça dos Trabalhadores, uma bonita praça, de formato circular, mais ou menos bem cuidada. Dia desses notei que ela havia conquistado alguns forasteiros. Três homens, sendo um mais velho de barba, os outros dois jovens e uma mulher muito magra. Estou morando a uma quadra da praça. Numa noite o mais velho deles bateu em minha porta e pediu se não tínhamos uma panela ou um cobertor para dar. Surpreso, dei-lhe um saquinho com um quarto de quilo de feijão. Isso depois de ele me explicar que não eram bandidos e sim trabalhadores, mostrou as mãos grossas, que estavam vindo do Mato Grosso e que foram levados para lá iludidos por um "gato" que lhes prometera trabalho e quando chegaram lá a coisa não era bem assim, não tinha trabalho nenhum, nem lugar para ficar e nem dinheiro para voltar, foram abandonados nesse mundo de meu deus e que haviam chegado até ali de carona e com a ajuda desse povão brasileiro, que é de muito bom coração, que eles cruzaram pelo caminho e que tinham saído do Norte de Minas e que assim que conseguissem o dinheiro para as passagens, e que deus é pai e tinham a certeza que iriam conseguir, poderiam voltar para casa. Agradeceu o saquinho de feijão dizendo que naquela noite iria orar muito por mim e por toda a minha família e se foi.
Passou. Um dia saí com minha família para caminhar dando voltas pela praça. Depois, paramos para descansar sentados num dos bancos no pé de uma árvore bem no centro da praça. Havia muito lixo em volta da árvore e seu tronco estava todo preto queimado. Pensei com meus botões: foi aqui que eles cozinharam aquele feijão.
Não vi mais aqueles quatro. Como não saiu nenhum crime nas páginas policiais, é bem provável que eles tenham conseguido as passagens.

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