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domingo, 12 de outubro de 2008

Crise imobiliária

Possibilidades

Imagine você
numa rua que não conhece,
numa cidade que nunca viu,
aí de repente alguém aos berros
o desperta e diz:
— Ei! Você não pode ficar aí não
que essa marquise já tem dono!

Em 1988 trabalhei numa empresa construtora especializada em estruturas metálicas. Fizemos duas obras em São Paulo, uma no Pari e outra em Taboão da Serra. Todos os dias eu fazia o percurso entre elas. Numa noite, parado num semáforo no bairro do Pari, ouvi uma discussão entre dois homens que disputavam um lugar sob uma marquise. Um deles, o mais bravo, já devia ocupar aquele espaço a mais tempo, suas vestes mostravam isso, o outro não, e foi justamente isso que me assustou naquele momento. A roupa que aquele homem de meia idade vestia não se diferenciava em nada da minha, a não ser pela mochila nas costas. O sinal abriu, as buzinas tocaram e fui-me com aquilo na cabeça. Terminamos as obras. Algum tempo depois fiz o poema que destaco acima: "Possibilidades"
Dez anos se passaram. Vimos pela televisão o drama de famílias americanas inteiras de classe média que estão sendo obrigadas a morar em seus carros em estacionamentos porque perderam seus tetos para crise imobiliária.

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